Novo acordo com o FMI será de US$ 14 bilhões

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, anunciou ontem no final da tarde que o novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) será de US$ 14 bilhões, sendo que apenas US$ 6 bilhões em dinheiro novo. O restante (US$ 8 bilhões) corresponde à última parcela do atual acordo, que vence em dezembro próximo e não será sacada.

Ele confirmou que o acordo terá a duração de um ano e que será de caráter preventivo. Ou seja, funcionará como uma “apólice de seguro” – o governo só sacará os recursos no caso de uma crise externa.

O anúncio foi feito em entrevista à imprensa, com a presença da diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy.

A divulgação dos detalhes do novo pacote contraria as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse, durante a manhã de ontem, em Moçambique, que “um novo acordo não sairá antes de dezembro”.

Palocci explicou que falou anteontem e ontem, por telefone, com o presidente Lula sobre “uma proposta de acordo”, que só deverá ser aprovada oficialmente em dezembro.

Na entrevista aos jornalistas, Krueger disse que tem certeza de que o acordo será aprovado pela diretoria do Fundo. Ela também parabenizou o PT por um ano de governo.

Não precisa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer, ontem, na África, onde se encontra, que o Brasil não tem necessidade de fazer novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). “Não precisamos sequer dos US$ 8 bilhões que estão colocados à nossa disposição do acordo passado, que vence agora em dezembro”, disse Lula, sem, no entanto, descartar o saque desses recursos.

Lula ressaltou que o FMI precisa mudar de comportamento. “Não é mais necessário ficar exigindo que nenhum país faça ajuste fiscal, mas que os países assumam o compromisso dos acordos com o FMI da retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico. É essa política, na minha opinião, que deve permear a conversa do FMI daqui para frente com qualquer país, até porque o ajuste fiscal foi fracassado na maioria dos países. Eu acho que os países estão precisando voltar a crescer, e é essa a base de qualquer acordo. Ou seja, não haverá acordo impeditivo de crescimento da nossa economia.”

O que vai predominar na visão do Brasil, segundo o presidente Lula, “será a volta do crescimento econômico do nosso País”.

O presidente disse também que a economia tem melhorado. “Todos os indicadores confirmam uma retomada do crescimento. Todos, mesmo os mais pessimistas dos analistas, sabem que a economia voltou a crescer. Tem setores importantes da economia, de máquinas, que voltaram a crescer. De papel e papelão voltou a crescer, a indústria automobilística voltou a crescer, eletroeletrônico voltou a crescer. Então a economia está naquele ponto que nós entendíamos de que ela deveria estar. Não vai parar de crescer e nós não faremos nenhum acordo que impeça a economia brasileira de recuperar o tempo perdido. Até porque nós temos que crescer muito nos próximos anos para dar os empregos que o povo brasileiro tanto precisa”, disse Lula.

Mercado reage à indefinição do governo

O risco-Brasil interrompeu o movimento de queda, iniciado na semana passada, e ontem à tarde subiu 1,03%, chegando aos 585 pontos. O C-Bond, principal título da dívida externa, também parou de se valorizar e chegou a recuar 0,30%, voltando a ser cotado pouco abaixo dos US$ 0,94 (US$ 0,938).

Os investidores estrangeiros decidiram ontem vender os papéis para colocar no bolso os lucros obtidos com a valorização recente dos títulos. Prova disso é que o banco CSFB (Credit Suisse First Boston) rebaixou sua recomendação para os papéis da dívida do Brasil. Para a instituição, o melhor a fazer é colocar o dinheiro agora em títulos do México e da Argentina.

Contribui para esse movimento negativo o impasse criado em torno do anúncio do novo acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Os recados mandados de Moçambique pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as negociações de um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) repercutiram mal.

Ontem, Lula disse que um novo acordo não sairá antes de dezembro e que o País não precisa nem sacar a última parcela (US$ 8 bilhões) do atual acordo, que vence no próximo mês.

“O presidente fala demais. É apenas um problema de ego. Ele quer ter o privilégio de fazer o anúncio do novo acordo. Mas a interferência é muito pequena, pois ele acabará seguindo os pareceres do Palocci e do Meirelles”, afirma o dono da corretora NGO, Sidnei Moura Nehme.

O dólar fechou praticamente estável, com cotação de R$ 2,86. A Bovespa marcou alta de 1,26%, com movimento de R$ 946 milhões.

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