Enquanto a crise atual revela sérias fraquezas sistêmicas e erros graves de política em países que eram considerados modelos, o mundo assiste a tudo estarrecido, afirmou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em discurso no Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que estabelece as estratégias do Fundo Monetário Internacional, na sede em Washington. O ministro, no comitê que reúne os ministros e os banqueiros centrais de 24 países, criticou o FMI por “não ter dedicado atenção suficiente aos principais centros financeiros”, pediu um novo instrumento de liquidez para emergentes que estejam enfrentando choques em contas de capital e destacou o papel do Estado para restaurar a confiança “estilhaçada” durante a crise. Mantega enfatizou que é possível dizer que a responsabilidade de evitar uma recessão mundial “passou para as mãos dos países em desenvolvimento”.

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Em alguma medida, os países em desenvolvimento “terão de neutralizar as forças recessivas oriundas do mundo desenvolvido”, disse o ministro da Fazenda. “É claro que há limites para o que podemos fazer”, afirmou, acrescentando que a solução da crise depende do “sucesso das políticas que foram e serão implementadas pelos países avançados”. “Apesar disso, teremos provavelmente que desempenhar um papel anticíclico no atual quadro econômico mundial.”

Sobre o novo instrumento de liquidez, o ministro reconhece que a Diretoria Executiva do Fundo tem debatido a criação do mecanismo, mas diz que isso está progredindo “muito lentamente”. “Espero que a criação de um novo instrumento de liquidez continue a ser examinada após a Reunião Anual e venha a ser aprovada pela Diretoria Executiva o mais cedo possível.” Tal instrumento seria nova linha de crédito de acordo com as necessidades do país. Este seria um passo na adaptação do Fundo a um ambiente de grandes fluxos internacionais de capital e operações altamente alavancadas, disse o ministro. “O Fundo precisa ir além de sua posição tradicional de oferecer instrumentos rígidos.”

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