Nem sempre o juro é o vilão em uma aplicação

Os brasileiros sofrem com os juros. Mas nem todo brasileiro sabe como os juros funcionam, porque são cobrados e como pode tentar driblar as taxas mais altas. Cada serviço que de alguma maneira empresta dinheiro ao cliente, como o cheque especial dos bancos ou os cartões de crédito, possui uma taxa. Os juros deixam de ser os vilões na aplicação. Quanto maior a taxa, maior o rendimento. Isto acontece na poupança, por exemplo.

Os juros são o preço do capital, a remuneração para quem tem este dinheiro. “A economia tem quatro fatores de produção e cada um deles possui a sua remuneração. A remuneração do trabalho é o salário; dos imóveis, o aluguel; da iniciativa (negócios), o lucro; e do capital, os juros”, explica Luiz Afonso Cerqueira, membro do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Paraná (Ibef-PR).

Quando você compra uma mercadoria a prazo, você paga os juros porque este mesmo produto já foi pago pela loja ao fabricante. É como se você tomasse dinheiro emprestado do estabelecimento para poder adquirir esta mesma mercadoria. Por isto, existe a diferença entre os valores para pagamento à vista e a prazo.

O tipo de juro mais praticado no Brasil é o juro composto, popularmente conhecido como “juro sobre juro”. Este tipo de taxa cria um novo montante a ser pago e, sobre ele, incide o mesmo índice. Por exemplo: você usou R$ 100 do limite do cheque especial e a taxa de juros ao mês é 10%.

A dívida fica em R$ 110. Se você não pagou, sobre os R$ 110 são acrescidos mais 10%. Ou seja, a dívida já subiu para R$ 121 em dois meses. “Da forma composta, sempre dá mais do que os juros simples”, comenta Cerqueira.

Os juros simples são os aplicados apenas sobre o valor inicial. Se a dívida é de R$ 100, com juros a 10% ao mês, e o pagamento será feito em três meses, o valor total a ser pago é R$ 130.

O estabelecimento da taxa de juros também leva em conta o risco de não pagamento por parte de quem contraiu o empréstimo. Em tempos de instabilidade, como o de agora, a tendência é o juro aumentar, pois não há certeza se as pessoas vão honrar o compromisso.

Selic

A Taxa Selic, determinada pelo Banco Central, serve de parâmetro para a economia brasileira. Refere-se à remuneração dos títulos públicos. “A partir da Selic, os bancos colocam as suas taxas. Esta diferença se chama spread bancário. Se o governo aumenta a Selic, os bancos vão aumentar os juros. O consumidor também tem este parâmetro. Ele sabe que, se a Selic aumentar, vai acabar pagando mais”, conta Virene Matesco, professora de Macroeconomia do Instituto Superior de Administração e Economia/Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV).

“O problema é este spread muito grande. É normal que se cobre a diferença, mas no Brasil isto é demasiado”, completa Cerqueira. O motivo para isto é a dificuldade dos bancos em executar as dívidas. “Aí, na dúvida, coloca uma diferença a mais (por conta da inadimplência).”

Se você tiver críticas ou sugestoes escreva para economia@oestadodoparana.com.br.

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