Nem o governo investe no Brasil

Brasília – Se dependesse exclusivamente do governo, o espetáculo do crescimento previsto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaria para 2004. Na área de investimentos (obras, equipamentos e novos projetos), os números do Orçamento do ano são pouco animadores. Dos 5.269 projetos concentrados em cinco ministérios (Integração Nacional, Transportes, Cidades, Educação e Saúde), apenas 224 foram contemplados com magros R$ 149,4 milhões, representando 4,3% de uma previsão de R$ 9,4 bilhões.

O caso do Ministério dos Esportes é emblemático. Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), só foram atendidos dois dos 568 projetos previstos no orçamento deste ano: o de produção de materiais esportivos por detentos e a administração da unidade do ministério no Distrito Federal, num total de R$ 89.074,94. No Ministério das Cidades, foram beneficiados 12 em 1.681 projetos, maior parte na área de trens urbanos. Dos 686 previstos no orçamento do Ministério da Integração Nacional, apenas sete programas foram agraciados até agora, sendo que apenas quatro diretamente destinados a obras.

Assim como em toda a Esplanada, no Ministério da Integração, a orientação é para que sejam concluídas as obras herdadas do governo passado. Quando assumiu a pasta, o ministro Ciro Gomes encontrou mais de mil obras pulverizadas por todo o país. A conclusão das cem mais expressivas dependia da liberação de R$ 600 milhões. Todas tiveram a execução suspensa. E a única retomada foi a construção da Barragem do Castanhão, no Ceará, estado do ministro, consumindo quase todo o limite inicial de recursos do ministério após contingenciamento (pouco mais de R$ 29 milhões). Do total de obras suspensas, o ministério programa a retomada de 37 pelo menos, com a execução de R$ 123 milhões para sua conclusão. Mas o próprio ministro se encarrega de pechinchar.

“Estou negociando redução de preços com os fornecedores”, conta Ciro.

No Ministério dos Transportes, o cenário é igualmente difícil. Até agora, foram liberados R$ 19,7 milhões dos R$ 3,1 bilhões previstos para investimentos em 2003. Foram atendidos 43 projetos de um total de 349. Maior parte deles é para recuperação de estradas, sendo apenas quatro as obras de construção beneficiadas. Além disso, as 250 obras de construção a cargo do Ministério estão paradas. Dessas, 14 deverão ser retomadas no segundo semestre. Para a conclusão dessas obras, serão necessários R$ 345 milhões. Mas o orçamento, antes do contingenciamento, era R$ 162,9 milhões.

Ainda assim, Lula pediu aos ministros esforço e criatividade para inauguração de todas obras perto de conclusão, com mais de 70% de execução.

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