Negociador do FMI também diz que juro deve cair

O chefe da missão do FMI no Brasil, Jorge Márquez-Ruarte, disse ontem em Brasília, que a queda dos preços no país já possibilita uma redução das taxas de juros. “A inflação está baixando e convergindo para as metas do Banco Central. Tudo indica que serão cumpridas perfeitamente”, disse Ruarte após encontro com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. “As expectativas (de inflação) estão melhorando, e isso possibilita a redução das taxas de juros.”

O economista do FMI rejeitou críticas ao BC, feitas por empresários e analistas, de que Meirelles estaria sendo muito conservador na política monetária. Segundo ele, “o BC está seguindo políticas que tem que seguir”.

Ruarte disse que não abordou até agora, nas conversas com o governo, uma possível renovação do atual acordo com o país. “O governo tem que decidir e discutir isso com o FMI. Por enquanto, não falamos disso.”

No entanto, o ministro José Dirceu (Casa Civil) sinalizou anteontem que o governo brasileiro deverá prorrogar o acordo com o Fundo, que termina em novembro.

“Temos [o governo] o firme propósito de superar as restrições que o país tem hoje para o crescimento econômico. O governo, no momento adequado, irá renegociar com o FMI”, afirmou Dirceu, ao deixar reunião da Executiva Nacional do PT, em Brasília.

Questionado se a renegociação significava uma extensão do atual acordo com o FMI, Dirceu disse que qualquer decisão a esse respeito estaria a cargo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).

A equipe do FMI está no país para realizar a quarta revisão do acordo fechado em 2002.

Economicismo

Sobre o discurso de Lula, terça-feira em Fortaleza, condenando o que chamou de “visão economicista do governo”, Dirceu negou que a elevação do superávit primário (economia de receita para o pagamento de juros da dívida) seria exemplo dessa visão.

“O superávit não foi acima nem abaixo, é o necessário. Se não tivéssemos feito superávit de 4,25%, juros de 26,5%, que já está menor hoje do que quando recebemos o governo, o Brasil não estaria discutindo crescimento nem as reformas. Estaria discutindo inflação de 3% a 4% ao mês, risco-país de 2.000 pontos e dólar de R$ 4 a R$ 5”, afirmou.

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