Necessidade leva ao empreendedorismo

Rio –  O Brasil é o país do mundo onde mais gente se torna empreendedor por necessidade, ou seja, por falta de outra opção de emprego. A informação consta da pesquisa mundial Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada anualmente e coordenada por dois centros de referência mundial sobre empreendedorismo: a Babson College, dos Estados Unidos, e a London Business School, da Inglaterra.

Entre 37 países pesquisados, o Brasil é o que tem maior parcela da população adulta que resolveu abrir um negócio por falta de alternativa. Estima-se que 7,5%, ou 8 milhões de brasileiros se encaixam nesse caso. Outros 6% da população, ou 6,4 milhões de adultos, são empreendedores, mas por opção: decidiram virar empresários porque tiveram uma oportunidade.

Por conta disso, o País integra o seleto grupo onde a taxa de empreendedorismo por necessidade é maior do que a taxa de negócios criados por opção. Além do Brasil, apenas Argentina e China têm mais empreendedores por necessidade do que empresários por vocação. Esses países são, respectivamente, o segundo e o terceiro na lista das nações com mais trabalhadores que se viram num negócio próprio por falta de opção.

No caso da Argentina, a pesquisa aponta o colapso econômico do país em 2001 como o possível motivo para o aumento no empreendedorismo por necessidade.

A pesquisa de 2002 ? cuja versão completa foi divulgada recentemente na internet ? foi a primeira a fazer a distinção entre atividade empresarial por necessidade ou por opção. No cômputo geral, o Brasil tem 13,5% da população de empreendedores e aparece em sétimo no ranking mundial. Quando se considera apenas os empresários por vocação, o país cai para a 16.ª posição.

O Brasil também se caracteriza por ter uma taxa acima da média mundial de empresas nascentes, ou seja, que têm no máximo três meses de existência. São 5,7% dos negócios. E outros 8,5% são empresas novas, criadas há até 42 meses. Por questões metodológicas, a pesquisa só investiga empresas com até três anos e meio de existência. Quando perguntados por que decidiram abrir um empreendimento, 55,4% dos empresários declararam que foi devido à dificuldade de encontrar trabalho.

A parcela da população que mais se dedica a tocar negócios tem entre 25 e 34 anos. Nessa faixa etária, 18,6% dos brasileiros informaram possuir uma empresa ou estar iniciando um empreendimento próprio.

A pesquisa também constatou que a família tem uma grande participação na atividade empreendedora no Brasil. Ao todo, em 86% das empresas brasileiras, a família tem mais de 50% do capital social.

Os especialistas que conduziram a pesquisa no Brasil apontam como as atividades onde há mais oportunidades para novos negócios os setores de software de serviços, biotecnologia e comércio pela internet.

Os 37 países que fazem parte da pesquisa têm, no total, 3,9 bilhões de habitantes, quase dois terços da população mundial. Juntos, respondem por 92% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas de um país) global. A pesquisa investiga a ocupação da população adulta, ou seja, de quem tem entre 18 e 64 anos de idade. No Brasil, o trabalho foi realizado pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Paraná (IBPQ-PR).

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