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Morgan Stanley vê recessão e desemprego no País em 2015

Apesar de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado na semana passada que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 4,7% em outubro, a menor para o mês desde o início da série histórica, o banco norte-americano Morgan Stanley acredita que o mercado de trabalho brasileiro vai registrar uma forte deterioração em 2015, com o desemprego terminando o próximo ano a 6,1% e levando a uma contração de 0,3% do PIB.

“O Brasil está possivelmente enfrentando o primeiro enfraquecimento sólido de trabalho em uma década e isso pode ser um forte obstáculo para o crescimento em 2015”, diz o relatório, assinado pelo economista Arthur Carvalho. Segundo ele, esse é o principal fator que faz com que a previsão do banco para o PIB no próximo ano seja tão diferente do restante do mercado, que segundo a pesquisa Focus, do Banco Central, estima uma expansão de 0,80%. “O aumento do desemprego e o crescimento mais lento dos salários provavelmente vão apertar ainda mais as condições financeiras, com um aumento na inadimplência”, acrescenta.

O texto, intitulado “Brasil: o problema com o descasamento”, aponta que a baixa taxa de desemprego do País nos últimos anos tem intrigado estudiosos, mas essa situação está começando a se desfazer, com indicadores apontando para a situação mais fraca no mercado de trabalho desde o auge da crise financeira global, em 2009. A previsão é de uma tendência sustentável de aumento do desemprego até o fim de 2015, o que não acontecia há uma década.

Apesar de possivelmente significar o fim do ambiente pró-consumo que dominou o Brasil nos últimos anos, essa mudança pode ter fatores positivos, como uma menor inflação de serviços e taxa efetiva real de câmbio mais fraca, o que impulsionaria a competitividade da economia brasileira.

Segundo a análise de Carvalho, essa correção do descasamento entre crescimento e desemprego ocorre agora porque o governo ficou sem espaço para manter os estímulos fiscal, parafiscal (por meio principalmente dos bancos públicos) e monetário ao consumo. Além disso, a confiança de empresas e famílias está em níveis muito baixos.