O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, avaliou nesta terça-feira, 6, que o realinhamento cambial abriu uma “janela de oportunidade” para o comércio exterior brasileiro. Durante cerimônia de lançamento do Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE), Monteiro afirmou que o câmbio, apesar de não resolver todos os problemas, ajuda a atenuar as desvantagens do País no comércio global, sobretudo as relacionadas a questões de logística, infraestrutura, custo de capital e tributária.

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Em sua fala durante o evento, o ministro destacou que, até o momento, o realinhamento cambial possibilitou um aumento de 6% do volume físico de exportações brasileiras. De acordo com o titular do MDIC, se não fosse a queda dos preços das commodities, que levou o Brasil a perder US$ 30 bilhões em receita de exportações neste ano, até agora, em relação a 2014, esse volume exportado seria ainda maior.

Nesse cenário, Monteiro ressaltou que o Brasil está trabalhando na ampliação de acordos comerciais com outros países, como o com o México. Ele voltou a avaliar que o acordo Transpacífico, anunciado ontem pelos Estados Unidos e outros países banhados pelo Oceano Pacífico, antes de ser um “desalento” para o País, deve trazer oportunidades, na medida em que deve aumentar o interesse da União Europeia em acelerar acordo comercial com o Mercosul.

Na avaliação de Monteiro, o comércio exterior é um canal fundamental para o Brasil no momento de crise. “Exportar nada mais é do que contratar demanda externa, no momento em que o mercado interno está vivendo processo de retração”, disse. Ele lembrou que a participação brasileira no comércio global é atualmente de pouco mais de 1%, porcentual que diminui para 0,7% quando se considera apenas os produtos manufaturados. “Fora das nossas fronteiras há PIB equivalente a 32 do Brasil. Ou seja, há espaço imenso para ser explorado”, disse.

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PNCE

O ministro também ressaltou a importância da parceria entre o MDIC e o governo paulista no âmbito do PNCE, braço regional do Plano Nacional de Exportações (PNE). “Não pode existir PNE que não leve em conta a importância fundamental de incorporar a base empresarial de São Paulo a esse esforço”, disse. Segundo ele, é “fundamental” disseminar a cultura exportadora no Brasil, que nunca se apresentou como canal permanente. “Nos últimos anos, ela ficou muito ao sabor das flutuações conjunturais, como se fosse uma válvula”, criticou.

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Lançado pelo Executivo federal em junho deste ano, o PNCE tem o objetivo aumentar o número de empresas que exportam, especialmente as de pequeno e médio portes. De acordo com o MDIC, em São Paulo – segundo Estado brasileiro a receber o plano – o programa vai trabalhar inicialmente com quatro mil empresas de oito setores: alimentos, farmacêuticos, equipamentos médico-hospitalares, materiais de construção, moda, máquinas e equipamentos, serviços e engenharia e tecnologia da informação (TI).

As empresas que aderirem serão monitoradas pelo Comitê Gestor do PNCE. Segundo o MDIC, elas também devem contar com apoio de instituições parceiras na elaboração de avaliação de seus produtos e serviços, bem como com consultoria de inteligência comercial, para avaliar em quais mercados o produto ou serviço tem potencial de venda, participação em missões comerciais e rodadas de negócios com compradores estrangeiros.

Conforme o MDIC, o PNCE é desenvolvido em cinco etapas: sensibilização, inteligência comercial, adequação de produtos e processos, promoção comercial e comercialização. O plano conta ainda com três “temas transversais” para o direcionamento das empresas. São eles: financiamento, qualificação e gestão.