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Foto: Agência Brasil

Guido Mantega: esforço para minorar os problemas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu ontem as críticas dos produtores rurais ao Plano de Safra, que coloca R$ 60 bilhões à disposição do setor na rede bancária de todo o País. Segundo ele, o plano agrícola, anunciado na semana passada, ?é o melhor? de que o País tem conhecimento, fruto do esforço governamental de minorar as dificuldades vividas pelo setor.

Mantega fez a afirmação durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, depois que o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, fez um diagnóstico do setor. Rodrigues disse que a produção rural brasileira vive crise sem precedentes e que a perda de renda do setor beira os R$ 30 bilhões.

?Isso não é de agora; decorre de uma conjugação de fatores?, afirmou Rodrigues. Entre esses fatores, ele citou a desvalorização cambial, o aumento da produção mundial de algumas commodities agrícolas (milho, trigo, soja, arroz e algodão), a estiagem no sul do País no ano passado e o reaparecimento da febre aftosa, no mês de outubro, com forte prejuízo para as exportações de carne bovina, que acabaram refletindo também na venda de carne suína.

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Mantega reconheceu que as medidas do pacote agrícola ?não atendem a todas as necessidades da produção agrícola?, mas disse que está aberto ao diálogo, no sentido de aperfeiçoar os mecanismos de atendimento aos produtores rurais. Se o Plano de Safra não vai solucionar todos os problemas, ?é porque eles são de grande monta; mas fizemos esforço para ajudar onde foi possível?, disse o ministro.

Ele informou que há possibilidade de se instalar um grupo de trabalho para discutir soluções para a crise. O grupo teria representantes dos ministérios da Fazenda e da Agricultura e participação da Comissão de Agricultura e Política Rural da Câmara. Mantega disse que está aberto a todos e que não faz distinção partidária.

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A postura de Mantega foi bem recebida pelos parlamentares, pois, como se queixou o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO) em sua fala, a Câmara e os produtores não foram sequer ouvidos na elaboração do Plano de Safra 2006/2007. Segundo Caiado, embora o ministro Rodrigues saiba tudo sobre as necessidades do setor, ?é necessário também o envolvimento das forças políticas na discussão?.

Durante a audiência, também falaram os representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Homero Pereira, e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), João Paulo Koslowski. Pereira ressaltou que a agricultura é o setor mais competitivo da economia brasileira, mas está necessitando, no momento, de um esforço estruturante, e não de medidas paliativas.

Ele considerou ?acanhadas? as medidas do plano agrícola e lamentou que ?o governo esteja passando a imagem de que o produtor rural é chorão, quando diz que foram liberados R$ 60 bilhões para o setor?. Pereira disse que não é bem assim: ?O dinheiro está à disposição na rede bancária, mas a juros e condições que não aliviam o setor. Por isso é que estamos aqui, angustiados, com a impressão de que estamos falando línguas diferentes?.

Aplaudido pelos produtores, Pereira afirmou que, se nada for feito para minorar as dificuldades do setor, mantendo o produtor em sua atividade, a queda da produção rural será inevitável, trazendo junto o desabastecimento e o conseqüente aumento de preços e mais inflação. Por isso, disse ele, é que se pergunta: ?Será que vamos ter de importar alimentos, sendo nós o celeiro do mundo??