A falta de investimentos em infra-estrutura – como transportes, especialmente na área de rodovias e portos, além de energia e saneamento – pode comprometer o ritmo crescente da economia no médio e longo prazo, segundo o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega. “Há um aquecimento maior que o esperado na economia e isso aumenta a preocupação com a infra-estrutura”, disse o ministro após encontro com o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, em São Paulo.

Mantega se reuniu com Godoy justamente para discutir o projeto das PPPs (Parcerias Público-Privada), que está parado na pauta do Senado e considerado essencial para estimular os investimento no setor.

“Não há um temor no curto prazo, mas temos que olhar no longo prazo, olhar para frente. Há pontos (de gargalos) que podem comprometer o crescimento sustentado do País”, disse Mantega.

Segundo o ministro, o projeto das PPPs não é a única e possível fonte de recursos para os investimentos em infra-estrutura, mas pode ser considerado um mecanismo importante para resolver alguns dos gargalos hoje existentes.

Expansão

Mantega, assim como os ministros da Fazenda, Antônio Palocci, e do Desenvolvimento, Comércio e Indústria, Luiz Fernando Furlan, estima que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça mais de 4% neste ano. No começo do ano, a projeção era de expansão entre 3% e 3,5%.

Na indústria, a maioria dos setores já atua no limite de sua capacidade instalada – alguns superam os 85% – e a recuperação deixou de ser concentrada apenas no comércio exterior. Os indicadores econômicos já mostram sinais de aquecimento também do mercado interno.

“O País não vai parar de crescer. Vai continuar crescendo, mas menos do que poderia. Vai crescer 4% ao invés de 6% e o Brasil não pode perder dois pontos percentuais de crescimento do PIB por ano e com isso vamos perder também competitividade”, disse.

Denuncismo

Guido Mantega se queixou do que chamou de “indústria de denúncias” criada para prejudicar a imagem do governo, como as recentes acusações feitas contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirel-les.

“O presidente do BC tem esclarecido suficientemente (as recentes denúncias veiculadas na imprensa contra ele)”, disse Mantega. “Há uma indústria de denúncias e a área política do governo tem que se articular para lidar com isso.”

Segundo o ministro, a oposição tem tentado se beneficiar politicamente das denúncias e justamente por isso, é preciso que qualquer dúvida seja esclarecida.

Desde a última semana, o presidente do Banco Central tem sido alvo de uma série de denúncias que o acusam de remessa ilegal de recursos para o exterior e sonegação fiscal. Meirelles, por meio da assessoria de imprensa do BC, negou todas as acusações.

continua após a publicidade

continua após a publicidade