Ministro cobra empresários participando da reforma

O ministro do Trabalho, Jaques Wagner, cobrou a participação do empresariado no FNT (Fórum Nacional do Trabalho), que debate as reformas sindical e trabalhista que serão enviadas ao Congresso Nacional. Segundo ele, a “melhor legislação sindical e trabalhista para o Brasil é aquela que for fruto da negociação” entre empresários e trabalhadores.

“Convoco a maioria do empresariado brasileiro a fazer um acompanhamento mais amiúde do que se passa no fórum. Para se ter negociação, os interessados têm de acompanhar a caminhada. É necessário mais envolvimento no fórum”, disse Wagner, ontem, em São Paulo após participar de debate sobre reforma trabalhista e crescimento econômico.

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva, e o diretor de assuntos corporativos da Nestlé, Carlos Faccina, pediram que a reforma trabalhista fosse um instrumento de inclusão social para as 40 milhões de pessoas que estão no mercado informal e não são atendidos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).

“Do jeito que está, teremos diversas realidades (no mundo do trabalho) e uma lei que não se encaixa à nenhuma delas”, disse Faccina. Mas Wagner rejeitou a proposta de fazer uma reforma apenas para atender a realidade da economia brasileira. “O tráfico de drogas é real. E aí, vamos liberar a droga por causa disso?”

Solução negociada

O ministro disse que se o governo será obrigado a enviar o seu próprio projeto de reforma sindical e trabalhista caso o debate no FNT não evolua. “É óbvio que se o Fórum se frustrar, o governo não abrirá mão de fazer aquilo que é sua obrigação, que é enviar uma legislação (para o Congresso). Não vamos ficar parados.”

Segundo ele, o governo tem participado do FNT como elemento de mediação entre os interesses dos empresários e dos trabalhadores.

Emprego

O ministro disse que a inclusão social se faz por meio do trabalho. Segundo ele, programas de transferência de renda ajudam a “matar a fome”, mas não promovem a inclusão. “A inclusão verdadeira se faz pelo trabalho. As pessoas não se incluem por ter dinheiro no bolso, mas quando se sentem parte do processo da sociedade. O dinheiro no bolso mata a fome, mas não inclui”, disse.

Wagner afirmou que o desemprego atual é uma espécie de “câncer”, que afeta hoje também os Estados Unidos e a Europa. “Essa carência de trabalho não é gripe comum. É uma dessas doenças como câncer, que há tanto tempo se pesquisa e não se chega à causa definitiva.”

O ministro disse que o grande desafio do governo será a “bandeira do trabalho”. “Não a bandeira do emprego, porque não tem emprego tradicional para todo mundo. Mas a do trabalho como inclusão.”

Wagner também defendeu a alteração do atual modelo econômico, responsável pela “exclusão social”. “Caso contrário, estaremos enxugando gelo. As empresas são escravas de uma lógica que diz que só vende se baratear mão-de-obra.”

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