Metalúrgicos sem acordo ameaçam greve

Metalúrgicos de quatro empresas localizadas na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) ameaçam parar hoje por falta de acordo com o sindicato patronal. São elas: ABS Bombas, Kvaerner, Perfecta e Haas do Brasil, que empregam cerca de 1,2 mil trabalhadores. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, não houve acordo com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Paraná (Sindimetal-PR) – sindicato patronal. No final da tarde de ontem, estavam em negociação a AAM e a Trox. Nas seis empresas, além da Molins, acontecem assembléias de trabalhadores hoje pela manhã.

“Vamos oficializar a suspensão da negociação com o Sindimetal e partir para as negociações individuais, com cada empresa separadamente”, anunciou Sérgio Butka. Segundo ele, três empresas fecharam acordo ontem: a Van Leer, Molins e Embratec. No caso da Van Leer, ficou acordada a garantia de reposição da inflação na data-base (dezembro) com base no INPC, pagamento de abono de R$ 400 no dia 30 de junho, redução da jornada de trabalho de 44 para 42 horas semanais, estabilidade de dirigentes sindicais, antecipação de R$ 500 da Participação de Lucros e Resultados (PLR) a ser paga no dia 30 de junho e garantia do pagamento de multa de 40% referente ao FGTS, inclusive para aposentados. As mesmas reivindicações foram apresentadas ao sindicato patronal.

De acordo com Butka, o Sindimetal aceitou apenas a reposição da inflação (INPC), de dezembro a maio, dividida em duas parcelas: junho e julho. Também garantiu o repasse integral do INPC na data-base, mas não atendeu outras reivindicações, como a redução da jornada de trabalho, garantia da PLR, da multa de 40% do FGTS e da estabilidade a dirigentes sindicais.

O Sindicato dos Metalúrgicos tem em sua base 3 mil empresas, que emprega quase 35 mil pessoas. Segundo Butka, a negociação individual ocorrerá apenas nas maiores. Inicialmente, está havendo negociação com 26 empresas.

Sindimetal-PR

Para o presidente do Sindimetal-PR, Roberto Sotomaior Karam, as reivindicações dos metalúrgicos são justas, mas não deveriam ser motivo para paralisação. “O grande complicante foi o aparecimento de cláusulas, inclusive algumas – como a questão da estabilidade de dirigente sindical e multa de 40% sobre o FGTS a aposentados – que são objeto de reformas trabalhistas”, apontou Karam. Segundo ele, o que as indústrias podem conceder no momento é apenas a reposição do INPC de dezembro a maio e a garantia de reposição integral na data-base.

São 1,6 mil empresas ligadas ao Sindimetal-PR, segundo Karam. Dessas, cerca de 90% não teriam condições de repor o índice em uma única parcela. “Nenhuma empresa está se negando a pagar a reposição. Apenas não há como fazer isso de uma vez só.”

A preocupação de Karam é quanto às conseqüências de uma possível paralisação. Segundo ele, algumas empresas fornecem peças a montadoras de carros e correm sérios riscos financeiros caso parem. “Há empresas cujos contratos indicam que devem pagar US$ 500 por minuto em que a montadora ficar parada por falta de peças”, revelou Karam. Ele lembrou, no entanto, que é um número muito pequeno de indústrias que fornecem peças a montadoras, já que apenas 2% das compras de peças são feitas no Estado. Hoje, o Sindimetal-PR realiza assembléia às 13h30 para discutir os rumos da negociação. (Lyrian Saiki)

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