Metalúrgicos fecham primeiro acordo

Oferecendo 17% de reajuste, a New Hübner foi a primeira metalúrgica a fechar acordo na campanha salarial 2003 do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba. Ontem pela manhã, os trabalhadores da empresa de peças automotivas decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, mas à tarde voltaram ao trabalho. A New Hübner, que tem 900 empregados na Cidade Industrial de Curitiba, vai incorporar 15% aos salários em dezembro e 2% a partir de julho de 2004. O INPC acumulado de dezembro de 2002 a outubro deste ano soma 12,34%. O piso passou de R$ 450 para R$ 600. Além disso, a empresa – que na campanha emergencial havia concedido abono de R$ 400 – vai reduzir a jornada para 42 horas semanais em janeiro de 2004.

O acordo foi fechado antes mesmo da primeira rodada de negociação entre o Sindicato dos Metalúrgicos e o Sindimetal, marcada para hoje, às 9h. Em assembléia realizada na segunda-feira à noite, o sindicato patronal optou pela negociação. “Não fechamos questão em nenhum dos itens”, informou o presidente do Sindimetal, Roberto Sotomaior Karam, que lamentou as ameaças de greve geral nas metalúrgicas no momento em que as conversas estão começando. “Ainda não tivemos nenhuma reunião de negociação. Fizemos a assembléia para responder a pauta dentro do prazo legal de dez dias”, argumenta.

Na avaliação de Karam, a deflagração de greve geral traria instabilidade ao setor, “principalmente depois de as empresas terem antecipado 11% da inflação em junho, injetando mais de R$ 22 milhões no meio do ano”. “Legalmente, eles têm o direito de instalar a greve, mas antevemos resultados ruins para o trabalhador a médio prazo. Como já tivemos uma greve em maio, os clientes e fornecedores começam a duvidar da capacidade das empresas em honrar contratos e prazos. Em São Bernardo do Campo, metade das metalúrgicas não existem mais”, aponta.

Duas empresas estão em greve: a Metapar, fabricante de peças para a Bosch, que emprega 240 pessoas, e a Trox do Brasil, que produz sistemas refrigerados industriais e emprega 250 trabalhadores. A maior metalúrgica do Paraná, a Robert Bosch, com 3,5 mil funcionários, teve a proposta rejeitada pelos metalúrgicos. A empresa ofereceu 1,5% de aumento real incorporado em dezembro de 2004 e abono de R$ 250, condicionado o acordo à implantação do banco de horas em janeiro. Hoje, às 9h, vence o prazo legal de 48 horas para deflagração da greve na Bosch e na Case New Holland, que tem 1,8 mil empregados. Os protestos envolvem 7 mil trabalhadores.

As principais reivindicações dos metalúrgicos são: aumento real de 10,7% e piso salarial de R$ 650. Apesar de negociar com o Sindimetal e o Sindimaq, o Sindicato dos Metalúrgicos aposta nas negociações diretas com as empresas. Na Bosch, o pedido para o piso é de R$ 900 e nas empresas de São José dos Pinhais, R$ 700.

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