Mercosul suspende negociações com a União Européia

O Mercosul suspendeu ontem a rodada de negociações com a União Européia (UE) que deveria ir até amanhã. A decisão foi tomada depois do anúncio na terça-feira da proposta européia para os produtos agrícolas, que desagradou os negociadores do Mercosul.

“A dois meses do prazo final para o acordo, as negociações devem andar para a frente e não para trás, como na proposta da UE”, disse o negociador-chefe do Mercosul, o brasileiro Régis Arslanian.

“Os quatro países do Mercosul precisam agora voltar às suas capitais para avaliar o andamento da negociação e para que os europeus reavaliem a sua proposta (agrícola).”

?Decepcionante?

A proposta da UE apresentada na terça-feira prevê a abertura do mercado europeu a alguns produtos no sistema de cotas: 60% delas seriam oferecidas de forma gradativa em dez anos e os demais 40% seriam vinculados ao resultado das negociações da OMC.

O bloco sul-americano esperava uma parcela menor da abertura de mercado vinculada à OMC e um prazo mais curto para a liberalização do mercado para os demais produtos.

“As quotas e a oferta agrícola são o que importa na negociações com a União Européia”, acrescentou Arslanian, que classificou a oferta européia de “decepcionante”.

O chefe das negociações pelo lado europeu, Karl Falkenberg, disse que a União Européia está surpresa com a reação do bloco da América do Sul e continua aberta para negociar a oferta realizada na terça-feira.

Segundo Falkenberg, se o Mercosul antecipar em dois anos o cronograma da liberalização do seu mercado para vinhos e queijo, por exemplo, a UE poderia avançar em dez anos a liberalização de alguns produtos agrícolas industrializados do Mercosul, como café solúvel, cachaça e biscoitos.

Os coordenadores do Mercosul só devem voltar a se encontrar em agosto, em Brasília.

Antes da reunião, deverá haver um encontro em âmbito ministerial, possivelmente na semana que vem, entre o ministro da Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e o comissário europeu para o Comércio, Pascal Lamy.

A porta-voz de Lamy explicou que, como aconteceu das outras vezes que as negociações entre os dois blocos emperrou, uma conversa “entre ministros” é a única possibilidade de solucionar a situação.

“Não há ruptura, trata-se apenas de um impasse”, acrescentou.

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