Mercosul isola Brasil na Alca

Trinidad e Tobago – A tentativa brasileira de limitar a cobertura do acordo que criará a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi rejeitada ontem pela maioria dos países participantes e até por dois de seus sócios no Mercosul, no último encontro preparatório programado antes da reunião de ministros do grupo, em Miami, nos dias 20 e 21 de novembro, sem produzir um projeto de declaração ministerial.

Depois da colisão, o antagonismo latente há meses entre o Brasil e os Estados Unidos, os dois co-presidentes da negociação do acordo, ficou claro nas declarações de seus representantes, antes mesmo do encerramento do encontro.

O co-presidente brasileiro da Alca, embaixador Adhemar Bahadian, disse que “depois de oito anos de varrer lixo debaixo do tapete chegamos à hora da verdade”. O negociador-chefe dos EUA, embaixador Ross Wilson, declarou-se “desapontado” com falta de disposição do Brasil de engajar-se e da Argentina, que, segundo ele “declinaram inteiramente de participar” do exercício feito pelas várias delegações de manifestar prioridade e limitações em relação aos vários componentes de um futuro acordo.

“O Brasil ficou isolado”, disse Wilson. “As discussões aqui mostraram uma clara divisão entre entre países: de um lado, um grupo de 13 países falou com voz clara a favor de uma Alca ambiciosa e abrangente, com apoio dos EUA e apoio qualificado do Equador e do Caricom, e de outro o Brasil, apoiado até certo ponto pela Argentina e, menos, pelo Uruguai e Paraguai”.

O isolamento do País foi comunicado a Brasília pela delegação oficial, que participou do encontro sob instruções precisas do Itamaraty para defender, junto aos países do Mercosul e os demais parceiros na Alca, uma estrutura reduzida da Alca, limitada, essencialmente, à adoção de regras de origem e procedimentos alfandegários sobre acesso a mercado de bens e na redução de tarifas a produtos industriais e agrícolas, de acordo com fórmulas que seriam negociadas bilateralmente por países ou grupos de países.

O Uruguai, que ocupa a presidência rotativa do Mercosul, apresentou a proposta do grupo, mas tornou evidente o racha oferecendo um documento de 18 pontos no qual expôs uma visão da Alca próxima da maioria dos países.

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