Mercosul adia pendências para 2003

Brasília

– As principais pendências que afetam o processo de integração entre os sócios do Mercado Comum do Sul (Mercosul) foram adiadas para 2003 pela cúpula do bloco. Os acertos sobre as questões econômicas e comerciais fundamentais da agenda deste semestre, sob a liderança do Brasil, naufragaram e deixaram espaço apenas para avanços nas esferas política, trabalhista e institucional do mercado. Os países, entretanto, reafirmaram o compromisso de levar adiante o projeto original do Mercosul, como união aduaneira orientada para um futuro mercado comum, e desarmaram as apostas na dissolução.

“Em meio às crises que temos enfrentado na região, muitos chegaram a vaticinar o fim do Mercosul. Outros, a sobrevivência do Mercosul apenas como projeto político”, declarou Fernando Henrique Cardoso, durante um almoço oferecido aos presidentes, hoje, ao fim da 23.ª reunião de cúpula. “Nós, estamos para mostrar que o Mercosul persistirá no seu caminho”, disse.

Embora não tenha trazido resultados mais práticos para o fortalecimento do bloco econômico, o encontro marcou o fim da atuação de Fernando Henrique como chefe de Estado na condução dos rumos do Mercosul. Como a presidência temporária neste semestre cabia ao Brasil, a conferência deixou uma espécie de legado da gestão dele. Nos discursos no encontro e no almoço, o presidente ressaltou a confiança de que o empenho dele pela preservação do processo de integração será levado adiante pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que tem se manifestado nessa mesma linha.

Na visão de FHC, o Mercosul “tem um importante componente comercial, mas é muito mais que um acordo de comércio”. Entretanto, o bloco que ele deixará para Lula apresenta um “déficit” de decisões comerciais que pode comprometer a imagem e o poder de negociação do presidente eleito com os EUA e a União Européia (UE).

A principal iniciativa fechada nesta cúpula – o acordo-marco entre o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN) – representou o fracasso do objetivo inicial de fechar um pacto de livre comércio entre os dois blocos. Essas negociações ficarão para 2003.

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