Mercado preferia redução de meta de inflação

A decisão do governo de manter em 4,5% a meta de inflação para 2009 desagradou à maioria dos economistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo eles, a meta deveria ter sido reduzida. Eles também consideram confusas e dúbias as declarações feitas pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciarem a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN). Mas, dado o contexto, acharam positivo Meirelles ter mencionado que a inflação pode ficar abaixo da meta e vai perseguir 4% ao ano no longo prazo.

"Era melhor fixar a meta em 4% e não explicar nada", declarou o consultor de política monetária do Banco Itaú, Joel Bogdanski. Ele lembrou que as expectativas do mercado financeiro para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a meta, estão em média em 4% até 2011, de acordo com a pesquisa semanal do BC com instituições financeiras.

A economista-chefe da Mellon Investments, Solange Srour Chachamovitz, observou que, "se o discurso fosse de que é necessário perseguir o centro da meta, isso teria um impacto negativo nas expectativas de inflação, já que elas estão em 4% para o IPCA de 2008 e as expectativas afetam a inflação".

O coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Salomão Quadros, receia justamente que a decisão de manter a meta em 4,5% para 2009, ano em que provavelmente a inflação já estará abaixo disso por três anos consecutivos (2006, 2007 e 2008), leve à interpretação de que o BC praticaria uma política monetária compatível com o aumento da inflação. Para ele, essa interpretação levaria a um aumento das expectativas de inflação. "Isso seria muito ruim. Ao menos o presidente do BC explicitou que não é assim", observou Quadros.

Para o economista sênior do Dresdner Kleinwort, Nuno Camara, a decisão foi negativa. "O CMN perdeu uma boa oportunidade de ancorar as expectativas num nível mais razoável, especialmente num período em que a inflação está baixa", disse. "O BC não deve alterar a sua estratégia por causa dessa meta."

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