Mercado na expectativa de nova redução da Selic

O mercado financeiro mantém as expectativas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) dará prosseguimento ao processo de flexibilização monetária, reduzindo gradativamente a taxa básica de juros (Selic), que está em 16% ao ano. Quase uma centena de analistas e consultores do mercado, que participam de pesquisa semanal do Banco Central, confiam numa redução de 0,25 ponto percentual, na próxima reunião do Copom, de modo a possibilitar a queda para 14% até o final do ano.

Os agentes financeiros estão confiantes no bom desempenho da política monetária, apesar do nervosismo que tomou conta do mercado mundial, na última semana, em função dos conflitos no Oriente Médio, na expectativa de aumento dos juros norte-americanos e na anunciada “freada” no aquecimento da economia chinesa, que certamente afetará as exportações brasileiras para aquele país, principalmente de produtos siderúrgicos. Mesmo assim, as projeções de mercado indicam taxa de câmbio de apenas US$ 3,05 no encerramento de 2004.

Depois de sucessivas altas semanais quanto às expectativas de inflação no varejo, o mercado manteve a projeção da semana anterior, de 6,17%, para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), uma vez que as majorações de preços no mercado atacadista, registradas há onze semanas seguidas, não estão sendo repassadas integralmente para o consumo. Tanto assim, que a perspectiva de IPCA para abril, que chegou a 0,48% – mesmo patamar dos 0,47% contabilizados em março -, caiu para 0,41%, devendo manter-se em 0,40% neste mês.

As perspectivas do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) subiram de 8,30% para 8,68% no ano, enquanto o Índice Geral de Preços com Disponibilidade Interna (IGP-DI) evoluiu de 8,40% para 8,51%, bem acima da meta oficial de inflação para este ano, que é de 5,50%.

O único indicador de mercado que permanece abaixo da meta é o Índice de Preços ao Consumidor medido pela Fundação Instituto de Pesquisa Econõmica da Universidade de São Paulo (IPC-Fipe), que projetava inflação anual de 5,52%, no início de abril, e agora caiu para 5,33%. O índice, no entanto, mede apenas os preços da capital paulista.

A pesquisa concluída na última sexta-feira antevê a possibilidade de melhora no saldo de conta corrente, que era de US$ 1,2 bilhão, na semana anterior, e passa para US$ 1,5 bilhão. Em contrapartida, os investimentos estrangeiros diretos, que eram estimados em US$ 13 bilhões, caem para US$ 12,6 bilhões, embora mantendo a perspectiva de US$ 15 bilhões para o ano que vem.

As projeções para o saldo da balança comercial pemanecem em US$ 25 bilhões (US$ 22 bilhões em 2005) e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser mesmo de 3,5%, neste ano, com redução prevista também para 3,5% no próximo ano (na semana anterior era de 3,55%).

Além da manutenção das expectativas para os preços administrados, no patamar de 7,20% neste ano, existe consenso também quanto à correspondência de 56,5% da renda líquida do setor público em relação ao PIB. Esse comprometimento deve cair para 55%, em 2005, nas expectativas do mercado.

Investimento estrangeiro

O mercado financeiro reduziu a estimativa de ingresso de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano. Segundo o boletim Focus, os analistas acreditam que o investimento estrangeiro alcançará US$ 12,6 bilhões em 2004. Até a semana passada, a previsão era de US$ 13 bilhões, a mesma do BC.

Conforme divulgado na última segunda-feira, os investimentos estrangeiros somaram US$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, em abril os investimentos devem totalizar apenas US$ 500 milhões.

A queda da aposta dos estrangeiros no Brasil deve-se, principalmente, à maior aversão ao risco desde os atentados de 11 de março em Madri e com expectativa de alta nos juros dos EUA. Para 2005, o mercado manteve a previsão de que o País receberá US$ 15 bilhões em investimentos estrangeiros.

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