Mercado muda de novo e eleva previsão de inflação

Brasília

  – Às vésperas de mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa hoje e anuncia na quarta-feira a taxa básica de juros para os próximos 30 dias, o mercado financeiro permanece descrente na capacidade de o governo reduzir a inflação. As projeções de mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano aumentaram de 6,07% para 6,27%, na pesquisa semanal feita pelo Banco Central com um grupo de 100 instituições financeiras e empresas de consultoria.

Com isso, a previsão do mercado distanciou-se mais um pouco do centro da meta oficial definida pelo governo, que é de 5,5%. O compromisso assumido no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), contudo, é que a variação anual da inflação poderá chegar, no último trimestre deste ano, a um teto de 9%.

As estimativas de IPCA para 2003 também subiram, no mesmo levantamento, de 4,40% para 4,50%. A meta para o ano que vem é chegar a 4%, com variação de dois pontos porcentuais para mais ou menos. A redução da taxa de juros de 18,5% ao ano para 18%, anunciada no mês passado, tinha como um dos pressupostos a tendência de queda dos índices no próximo ano. O mercado também elevou as previsões para o IPCA de agosto e de setembro, que pularam de 0,51% para 0,58% e de 0,30% para 0,35%, respectivamente.

PIB

A retração do crescimento econômico este ano, que já é admitida pela equipe econômica, também encontrou eco nas projeções do mercado. As previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 foram revisadas de 1,83% para 1,70%. Dentro do governo, já se fala em crescimento de apenas 1,5%. Para 2003, as previsões também foram revisadas de 3,40% para 3 20%.

A volatilidade do câmbio das últimas semanas fez com que as projeções de mercado para a cotação do dólar no fim de 2002 aumentassem de R$ 2,65 para R$ 2,70. As estimativas para o câmbio no final de 2003 também subiram de R$ 2,78 para R$ 2,80. As estimativas para a taxa Selic no fim de 2002 e de 2003 ficaram estáveis em 17% e 15%, respectivamente.

As projeções de mercado para o superávit da balança comercial em 2002 já espelham o crescimento do saldo semanal divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento. Na semana passada, as previsões aumentaram de US$ 5 bilhões para US$ 5,96 bilhões e as estimativas para 2003 cresceram de US$ 5,70 bilhões para US$ 6,5 bilhões.

O aumento das exportações reflete uma perspectiva mais otimista em relação às contas externas. As projeções para o déficit em transações correntes em 2002 foram reduzidas de US$ 19,9 bilhões para US$ 19,5 bilhões. As estimativas para 2003 caíram, no mesmo levantamento, de US$ 19,63 bilhões para US$ 19 bilhões. Esse cálculo foi feito mesmo com projeções de recuo dos investimentos diretos em 2003, que passaram de US$ 17,93 bilhões para US$ 17,55 bilhões. As projeções para 2002 ficaram estáveis em US$ 17 bilhões.

As projeções de mercado para o superávit primário do setor público em 2003 subiram de 3,70% para 3,75% do PIB, que é a meta estabelecida no acordo com o FMI e na Lei de Diretrizes Orçamentárias. As estimativas de superávit primário para 2002 ficaram estáveis em 3,75% do PIB.

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