Mercado já não espera nova redução no juro

O mercado financeiro elevou mais uma vez a sua expectativa para a taxa básica de juros neste ano. A projeção, que na semana passada previa o juro em 15,50% ao ano no final de 2004, agora estima taxa de 15,75%. Os dados fazem parte do relatório de mercado elaborado pelo próprio Banco Central a partir de informações fornecidas por várias instituições financeiras.

No relatório, as instituições consideradas “Top 5” (as cinco que mais acertam nas previsões) já estimam que os juros não cairão mais neste ano. A previsão foi elevada pela primeira vez a 16% para o final de 2004. Para o final do próximo ano, a expectativa também subiu dos 14,25% da semana passada para 14,50%.

A pesquisa do BC coletou projeções elaboradas até a última sexta-feira, dia 30, apenas um dia depois da divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), encerrada no último dia 21. O Banco Central decidiu manter o juro em 16% ao ano. Em 2004, a taxa Selic caiu em apenas duas ocasiões: em março, de 16,50% para 16,25%, e em abril, quando foi reduzido para os atuais 16%.

Na ata divulgada na última quinta-feira, os membros do comitê destacaram as preocupações com a alta da inflação e afirmaram que o BC não descartaria ser “mais ativo” com a política monetária para conter eventuais pressões inflacionárias. “A autoridade monetária reitera que estará pronta para adotar uma postura mais ativa caso venha a se consolidar um cenário de divergência entre a inflação projetada e a trajetória das metas.”

O Banco Central também indicou que a manutenção dos juros por um período prolongado ajudará a conter eventuais picos inflacionários. “A manutenção da taxa de juros básica nos níveis atuais por um período prolongado de tempo deverá permitir a concretização de um cenário benigno para a inflação”, informou na ata.

Inflação

O mercado aumentou pela 12.ª vez consecutiva a estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que baliza a meta de inflação do governo. A projeção agora é de inflação em 7,15% no final do ano, ligeiramente maior que os 7,13% projetados anteriormente. O centro da meta é de 5,5%, mas o teto admite alta de até 8%.

As estimativas para as taxas dos IGPs (Índice Geral de Preços), calculados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) também subiram. Os indicadores servem de parâmetro para os reajustes de tarifas administradas, como energia e telefones. O IGP-DI, por exemplo, deve terminar o ano em 11,36% e o IGP-M, em 11,41%.

Otimismo

O relatório também tem dados positivos. Os economistas elevaram novamente a estimativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), para 3,70%, ante os 3,65% esperados na semana passada. No governo, ministérios como o da Fazenda, Desenvolvimento e Planejamento estimam expansão de 4% ou mais para a economia brasileira neste ano.

Os analistas também elevaram a projeção para o saldo em transações correntes do ano para US$ 6,10 bilhões. A estimativa anterior era de US$ 6,05 bilhões. No ano, até junho, de acordo com o Banco Central, o saldo acumulado já atinge os US$ 4,4 bilhões. Para julho, a estimativa é de superávit de US$ 1,7 bilhão.

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