Mercado já aposta que Copom vai reduzir juro

Já é consenso no mercado financeiro que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deve promover um corte na Selic (taxa básica de juros da economia) na próxima reunião, nos próximos dias 20 e 21. Atualmente, a taxa está em 26,5% ao ano. Alguns especialistas falam em redução de até 1,5 ponto percentual, mas, quando se discute o tamanho da queda, as opiniões estão bastante divididas.

Um bom indicativo da expectativa do mercado são os contratos de juros futuros na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). Os contratos para julho registram queda de 0,03%, para 25,89%; os de outubro, que são os mais negociados, recuam 1,04%, para 24,59%. As apostas na queda foram reforçadas ontem, quando dois novos índices de inflação mostraram que já há espaço para um corte de juros.

Tanto o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) quanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) – indicador oficial do governo -, medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostraram que há tendência de desaceleração nos preços.

O IPC, relativo à cidade de São Paulo, ficou em 0,40% no período de 30 dias terminados em 7 de maio. Já o IPCA caiu de 1,23% em março para 0,97% no mês passado. Apesar da queda, esse índice não mostra grande espaço para um corte grande nos juros, uma vez que a inflação acumulada nos quatro primeiros meses de 2003 já está em 6,15%, contra um meta para todo ano de 8,5%.

Risco Brasil

Mas o mercado também está otimista com a queda do risco Brasil. Acumulando queda de 51% desde o início do ano, ontem o indicador ficou abaixo de 700 pontos pela primeira vez desde 16 de fevereiro de 2001. Recuperou-se um pouco ao longo do dia e no final da tarde estava em 703 pontos, com baixa de 2,41%.

O especialista Alan Marinovic, da ABM Consulting, acredita que a diminuição do risco e os outros bons indicadores macroeconômicos do país criam um cenário mais favorável para a implantação de políticas de desenvolvimento pelo governo, o que passa diretamente pela redução dos juros. “Há espaço para um corte na taxa??, diz ele. “A gente deseja uma redução de no mínimo 3 pontos percentuais, mas acredito que o BC vai cortar de 1 a 1,5 ponto. Sendo otimista.??

Indústria

O setor industrial é o que mais reclama das altas taxas. Horácio Lafer Piva, presidente da Fiesp, (Federação das Indústrias e Comércio do Estado de São Paulo), disse ontem que a redução dos juros é uma questão de “bom senso?? do governo. “Temos em Brasília brasileiros de bom senso que sabem avaliar nossos bons indicadores, como a queda do risco Brasil e a menor pressão inflacionária, e os maus indicadores, como o desempenho industrial”, afirmou ele, sem apostar qual seria o percentual de corte.

Governo

Mesmo dentro do governo Luiz Inácio Lula da Silva não há unidade de pensamento sobre o assunto. Recentemente, o vice-presidente José de Alencar (PL) disse: “Os juros vão cair??. Além disso, afirmou que as taxas cobradas pelo bancos, em alguns casos, configuravam “um verdadeiro assalto”.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também defende a redução dos juros, mas foi desautorizado pelo ministro José Dirceu (Casa Civil), que afirmou que o único que pode falar sobre a política monetária é Antonio Palocci (Fazenda). E o ministro reafirma sempre que tem oportunidade que a principal preocupação da administração petista é quanto à inflação.

IPCA de abril fecha em 0,97%

Rio

(AE) – O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril ficou em 0,97%, abaixo da taxa de 1,23% do mesmo indicador em março, segundo informou ontem o IBGE. O resultado ficou dentro das previsões de mercado, que variavam de 0,89% a 1,10%. De acordo com o IBGE, uma das principais causas da redução da taxa do IPCA de um mês para o outro foi a desaceleração de precos do grupo alimentos, que subiram 1,66% em março e tiveram alta de 1,01% em abril.

De janeiro até abril, o IPCA acumula taxa de 6,15%, ficando acima da taxa de 2,30% relativa à igual período de 2002. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 16,77%, superior ao desempenho dos 12 meses imediatamente anteriores, quando o indicador atingiu alta de 16,57%. Em abril de 2002, o IPCA foi de 0,80%.

O IBGE informou ainda que, além do grupo alimentos, contribuíram para a redução da taxa de abril a desaceleração na variação de preços de remédios (4,58% para 2,73%), artigos de limpeza (3,80% para 2,71%) e higiene pessoal (2,20% para 1,40%). Nos combustíveis, tanto a gasolina quanto o álcool tiveram variações negativas, respectivamente de 0,79% e de 2,05%. Porém a energia elétrica passou de 0,15% em março para 3,28% em abril, sendo a maior contribuição individual no índice do mês.

O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de abril, que ficou em 1,38%, próximo ao resultado de março, que foi de 1,37%.

Voltar ao topo