Mercado estima queda de um ponto na Selic

Brasília  – Na véspera de mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado está apostando na queda da taxa básica de juros em apenas 1 ponto percentual, de 20% para 19%. É o que mostrou a pesquisa semanal feita pelo Banco Central (BC) com um grupo de 80 instituições financeiras. Para o final de novembro, a projeção é de redução de mais um ponto, chegando a 18%. O levantamento aponta ainda que as projeções de mercado para a taxa Selic no final de 2003 recuaram de 17,34% para 17,10% ao ano e, para 2004, caíram de 15% para 14,60%.

A cautela do mercado, evidenciada por uma queda relativamente pequena da Selic, pode ser explicada pela perspectiva menos otimista em relação ao comportamento da inflação este ano. As estimativas de IPCA, indexador oficial das metas do governo, aumentaram de 9,68% para 9,71% no final do ano ficando acima dos 9,59% de há quatro semanas. Esse percentual também está distante da meta ajustada de 8,5% estabelecida pela equipe econômica. Para 2004, porém, as projeções recuaram de 6,10% para 6,01%.

As estimativas de IPCA em 12 meses à frente também ficaram inalteradas nos mesmos 6,27% do levantamento divulgado na semana passada. As estimativas de reajuste dos preços administrados em 2003 subiram, na mesma pesquisa, 13,67% para 13,80%, mas um percentual ainda menor do que os 14% estimados pelo BC. As previsões de aumento dos preços administrados em 2004 foram mantidas em 8%.

Câmbio

O dólar não será um alimentador da inflação nos próximos meses e em 2004. Em relação ao câmbio, o mercado estima que no final de 2003 o valor da moeda americana estará em R$ 3,02, menos que os R$ 3,05 previstos na semana passada. As previsões para o fim de 2004 recuaram, ao mesmo tempo, de R$ 3,33 para R$ 3,30. As estimativas de câmbio para o fim do corrente mês foram reduzidas de R$ 2,95 para R$ 2,90, e as previsões para o final de novembro foram revisadas de R$ 3 para R$ 2,98.

As projeções de mercado para a dívida líquida do setor público em 2003 subiram de 57% para 57,10% do Produto Interno Bruto (PIB). As estimativas para o próximo ano aumentaram, por sua vez, de 55% para 55,40% do PIB. As previsões de crescimento do PIB para o corrente ano mantiveram-se estáveis em 0,70%, e as projeções para o próximo ano aumentaram de 3,15% para 3,20%.

Em relação às contas externas, o mercado mantém-se otimista. As estimativas para o superávit em conta-corrente de 2003 aumentaram de US$ 500 milhões para US$ 1 bilhão e para o ano que vem as projeções de déficit em conta-corrente recuaram de US$ 4,45 bilhões para US$ 4,40 bilhões.

Balança

Em relação à balança comercial, as previsões para este ano subiram de US$ 21,40 bilhões para US$ 22 bilhões. As expectativas de superávit para o próximo ano também subiram, por sua vez, de US$ 16,50 bilhões para US$ 16,80 bilhões. Já a estimativa do fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) em 2003 manteve-se estável em US$ 9 bilhões. O valor projetado ainda é menor do que os US$ 10 bilhões estimados pelo BC. As previsões de IED para o próximo ano também não se alteraram e permaneceram nos mesmos US$ 12 bilhões do levantamento anterior.

Palocci espera redução; Alencar cobra

Brasília

(AE) – O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse que espera uma redução da taxa Selic, na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom). “Espero que sim. A decisão que cabe ao governo é estabelecer metas. E o governo já tomou essa decisão na meta de inflação do ano que vem”, afirmou o ministro, referindo-se à política de redução dos juros.

Ele ressaltou que na medida em que o comportamento dos indicadores for favorável, os juros cairão naturalmente e destacou que a decisão de redução dos juros é técnica e de responsabilidade do Copom. “Vamos trabalhar para que ao longo do tempo o Brasil tenha juros menores”, disse Palocci, ressaltando que a política econômica do governo é garantir o crescimento, juros menores e mais investimentos .”Este ano tudo evoluiu de maneira favorável para que os juros pudessem cair e o Brasil iniciar um processo de crescimento econômico”, disse o ministro, pouco antes do lançamento do Programa de Transferência de Renda, no Palácio do Planalto. Ele observou, no entanto, que não comenta decisões do Copom.

O vice-presidente da República, José Alencar, reafirmou que o Brasil tem de mudar o regime de juros que, segundo ele, é um problema cultural. “Enquanto os juros estiverem nesse patamar, não temos como compatibilizar atividade produtiva a esse custo de capital”, acrescentou. Ele disse ainda acreditar que os juros brasileiros atingiram “um patamar absolutamente incompatível com o desenvolvimento.” Alencar disse que desde os 18 anos tem medo de juros. “Até hoje eu tenho provavelmente esse defeito, de brigar por juros mais baixos”, comentou. Acrescentou que “vice não manda nada, pede, pede humildemente.”

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