Mercado espera queda de juros no mês de junho

São Paulo (AG) – Com base na ata do Copom, divulgada anteontem, economistas reforçaram suas apostas em um corte dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para o fim de junho.

O economista Paulo Nogueira Batista Júnior, da FGV de São Paulo, lembra que na reunião da semana passada houve divergência entre os próprios integrantes do Copom sobre a manutenção da atual Selic (18,5%).

– É mais provável um corte na próxima reunião. A divisão dentro do Copom indica essa possibilidade. Além disso, houve uma reação muito forte contra a manutenção dos juros e o governo sabe disso – afirmou Paulo Nogueira.

Já Juan Pedro Jensen, analista da consultoria Tendências, diz que ficou surpreso com a recomendação expressa na ata para uma flexibilização da política monetária, o que abre caminho para queda gradual dos juros.

A expectativa dos dois é que o Copom aprove redução entre 0,25 e 0,5 ponto percentual, o que levaria a Selic para até 18% ao ano. Ainda pelas contas da Tendências, haveria espaço para que a taxa básica de juros caísse pelo menos mais um ponto até o fim do ano, chegando a 17% em dezembro.

– Num cenário como esse, estimamos também uma inflação de 5,8% – disse Jensen.

Apesar da expectativa positiva, Paulo Nogueira criticou a atitude do governo de manter os juros inalterados na última reunião. Segundo ele, um corte de 0,25 ponto não teria impacto sobre a inflação – justamente a preocupação ressaltada na ata do Copom – ainda mais considerando a trajetória dos chamados preços livres. Pelo IPCA-15, esses preços subiram só 0,05%, depois de fechar em 0,24% em abril.

– O problema são os preços administrados pelo governo (alta de 1,2% pelo IPCA-15) – ataca o economista da FGV.

Entre os empresários, porém, ainda não há confiança em relação à trajetória futura dos juros. O diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sergio Gomes de Almeida, disse ter ficado mais pessimista depois de ler a ata do Copom, que condiciona a queda de juros a curto prazo à redução da inflação. Antes, ele apostava em corte da Taxa Selic na reunião de junho e, agora, acha que isso pode não acontecer:

– Ficamos prisioneiros da meta (da inflação). Não é o sistema (de metas) que está errado, mas a política dada para os preços administradores pelo governo (como tarifas de energia e combustíveis).

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