Mercado eleva previsão de inflação para 6,07%

Brasília

  – A assinatura do acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI), na semana passada, não foi suficiente para mudar as expectativas de curto e médio prazo do mercado financeiro sobre o desempenho dos principais indicadores da economia, que continuam piorando gradativamente.

Na última pesquisa semanal que o Banco Central faz entre um grupo de 100 instituições financeiras e empresas de consultoria, a projeção média para a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2002, por exemplo, aumentou de 6% para 6,07%.

Com isso, a previsão do mercado distanciou-se mais um pouco do centro da meta oficial definida pelo governo, que é de 5,5%. O compromisso assumido no acordo com o FMI, contudo, é de que a variação anual da inflação poderá chegar, no último trimestre deste ano, a um teto de 9%.

De acordo com a pesquisa do BC, divulgada ontem, a estimativa do mercado para o IPCA de agosto subiu de 0,50% para 0,51%, mas a previsão para setembro ficou estável em 0,30%. Também foi mantida – em 4,40% – a projeção para 2003.

Câmbio

Mesmo com a persistência da volatilidade do mercado de câmbio, bancos e consultores não mudaram a previsão para a cotação do dólar no final deste ano, que é de R$ 2,65. Já a projeção para a taxa de câmbio no final de 2003 aumentou de R$ 2,73 para US$ 2,78.

Na pesquisa, a estimativa para o superávit primário do setor público em 2003 aumentou de 3,5% para 3,7% do PIB, já refletindo a meta de 3,75% estabelecida no acordo. A projeção para 2002 permaneceu em 3,75% do PIB.

O mercado também está um pouco mais pessimista quanto ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa média das instituições para este ano caiu de 1,85% para 1,83%. Também foi reduzida – de 3,45% para 3,40% – a projeção de crescimento do PIB para 2003. Na área externa, manteve-se a estimativa de superávit de US$ 5 bilhões na balança comercial em 2002. Para 2003, a previsão aumentou de US$ 5,54 bilhões para US$ 5,7 bilhões. A projeção para o déficit em transações correntes (balança comercial mais serviços) neste ano foi reduzida de US$ 20 bilhões para US$ 19,9 bilhões. A estimativa para 2003 teve ligeira queda, de US$ 19,65 bilhões para US$ 19,63 bilhões. O mercado continua estimando em US$ 17 bilhões o volume de investimentos diretos estrangeiros neste ano. Para 2003 a previsão foi reduzida de US$ 18 bilhões para US$ 17,93 bilhões.

Linhas adicionais de crédito

Brasília (AE) – O Banco Central poderá oferecer novas linhas de crédito com o objetivo de ajudar empresas que enfrentam dificuldades provocadas pela escassez de crédito externo. O problema também poderá ser enfrentado com o uso de recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A informação foi dada ontem pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo.

As medidas, explicou Fraga, fazem parte de um conjunto de alternativas em estudo para “fazer uma intervenção pontual” e compensar a falta de linhas de crédito dos bancos internacionais para o Brasil, até que a situação se normalize.

Desde o final de maio, quando a crise financeira se agravou, as instituições financeiras estrangeiras vêm relutando em emprestar a empresas brasileiras. Em conseqüência, há dificuldade tanto para obter novos empréstimos quanto para “rolar” créditos já contratados.

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, também confirmou que o governo está buscando formas para lidar com esse problema, mas avisou que ele será resolvido aos poucos. “Esperamos não uma resolução dramática de um dia para o outro, mas uma gradual retomada e renovação dessas linhas”, afirmou.

Na avaliação da área econômica do governo, o passo mais importante para normalizar a situação já foi dado: o fechamento do novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso, acreditam, deverá recuperar a confiança em relação ao futuro da economia e, dessa forma, o mercado de crédito poderá ser retomado para o setor privado.

Por isso, uma das alternativas seria o próprio BC oferecer o crédito a essas empresas, por intermédio da rede bancária. Isso poderia ser feito, segundo Fraga, por meio de algum tipo de leilão, voltado exclusivamente para essa finalidade. Ele não esclareceu se os recursos do FMI poderiam, de alguma forma, ser usados para esse fim.

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