Mercado eleva, de novo, a previsão de inflação

Brasília – A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter os juros em 16% ao ano não foi suficiente para garantir a estabilidade das expectativas de inflação do mercado financeiro. As estimativas de Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano, pelo contrário, saíram dos 6,17% da semana passada e chegaram aos 6,36%, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central (BC). A nova projeção dos bancos ouvidos pelo BC está acima dos 5,5% do centro da meta deste ano e também superou os 6,2% estimados no Relatório de Inflação de março num cenário de mercado com juros de 14% e câmbio a R$ 3,07 no último trimestre do ano.

As previsões de IPCA para 2005 seguiram a mesma tendência e aumentaram pela segunda semana consecutiva. Com a nova alta, as projeções passaram dos 5,10% da semana passada para 5,15%, percentual superior aos 4,5% do centro da meta do próximo ano. Este percentual, no entanto, é inferior aos 5,4% estimados no mesmo Relatório de Inflação de março ao levar em conta um cenário de mercado com juros de 12,6% e câmbio a R$ 3,24 no último trimestre do próximo ano. As estimativas de IPCA em 12 meses à frente também aumentaram, passando dos 5,65% da semana passada para 5,82%, ficando, com isso, mais longe dos 5,1% da trajetória de metas de inflação.

As estimativas de inflação para o curto prazo reagiram da mesma forma e demonstraram variações para cima neste e no próximo mês. As expectativas de IPCA para maio, de acordo com os dados da pesquisa, aumentaram de 0,44% para 0,46%, contra uma previsão de 0,40% feita há quatro semanas. Para junho, as projeções avançaram de 0,41% para 0,45% depois de terem batido nos mesmos 0,40% há quatro semanas.

Outro indicador ruim do ponto de vista da evolução dos preços revelado pela pesquisa foi a elevação das estimativas de reajustes dos preços administrados (cujo reajuste é definido em contrato, como as tarifas públicas) neste ano de 7,20% para 7,50%. As previsões de aumento dos administrados para 2005, por sua vez, subiram de 6% para 6,25%.

Juros

Mesmo diante desse cenário mais negativo, as instituições financeiras mantiveram a aposta de queda dos juros na reunião do Copom do mês de junho. A redução, na visão dos bancos consultados pelo BC, seria de 0,25 ponto percentual. Se concretizada esta hipótese, a taxa Selic recuaria dos atuais 16% para 15,75% ao ano, menor percentual deste março de 2001. Em contrapartida, as projeções de juros para o final do ano aumentaram de 14% para 14,50%.

As estimativas de juros para o fim de 2005, no entanto, ficaram estáveis em 13% pela segunda semana consecutiva. As previsões para o crescimento da economia neste e no próximo ano também não se alteraram e permaneceram em 3,50% para ambos os períodos.

Câmbio

As projeções de mercado para taxa de câmbio no fim de 2004 também aumentaram de R$ 3,05 para R$ 3,08 na pesquisa semanal do BC. Esses valores ainda estão bem abaixo dos R$ 3,18 do fechamento do mercado de câmbio de hoje. Para o fim de 2005, as estimativas de mercado ficaram estáveis em R$ 3,21.

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