Mercado dividido e dólar fecha em queda

Após passar a maior parte do dia registrando forte alta, o dólar comercial inverteu a tendência e fechou o dia, ontem, em queda de 0,34%, a R$ 2,875. Assim, interrompeu uma seqüência de três altas. A forte volatilidade no câmbio – a cotação mínima da moeda norte-americana nesta terça-feira foi R$ 2,867 e a máxima, R$ 2,904 – mostra um mercado financeiro dividido entre o otimismo pela expectativa de novas captações de empresas brasileiras no exterior e o temor de que o dólar dispare com uma intervenção indireta do Banco Central.

Na quinta-feira começa a rolagem pelo BC de uma dívida cambial de US$ 2,719 bilhões que vence em 17 de julho. Seguindo sua estratégia de diminuir a exposição nesse tipo de dívida, espera-se que o BC renove parcela ainda menor dos contratos. Na última operação desse tipo, a autoridade monetária rolou 67,5% dos títulos.

Entende-se que essa é uma forma de intervenção no câmbio pois os investidores que detêm os títulos eventualmente não renovados como forma de “hedge” (proteção contra oscilações da moeda) devem procurar outra maneira de se proteger, como comprar dólares no mercado à vista e futuro.

O prejuízo às exportações brasileiras causado pela queda do dólar seria o principal motivo que poderia levar o BC a agir para tentar elevar as cotações.

Por isso, antecipando-se à possível elevação das cotações que poderia acontecer após a menor rolagem da dívida, bancos, empresas e investidores correram para comprar. No final do expediente, muitos bancos desfizeram posições compradas para colocar no bolso os lucros do dia, o que acabou derrubando a moeda norte-americana no fechamento.

Segundo analistas, a tendência é de que a moeda norte-americana oscile de R$ 2,85 a R$ 2,95 nos próximos dias.

Captações

Permanece elevada a expectativa de novas captações de companhias nacionais lá fora. O BankBoston anunciou ontem a conclusão de uma emissão de US$ 65 milhões em eurobônus. Segundo o Standard Bank, que liderou a operação, houve grande demanda pelos títulos, o que possibilitou um aumento de US$ 15 milhões na captação em relação à oferta inicial.

Isso demonstra que o apetite dos investidores estrangeiros por ativos brasileiros continua grande.

Risco e dívida

O risco-País mantém alta de 0,12%, para 827 pontos e o C-Bond, principal título da dívida externa do país, é negociado a 87,688% do valor de face, com elevação de 1,59%.

Juros

Os que defendem um corte firme dos juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), na semana que vem, ganharam mais dois argumentos.

O primeiro é quanto à inflação. O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor – Semanal), medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), apontou deflação de 0,14% nas quatro semanas encerradas em 27 de junho.

O desaquecimento da economia brasileira é comprovado pela queda na produção industrial. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção caiu 0,3% em maio em relação ao mesmo mês de 2002. Na comparação com abril, houve aumento de 0,1%.

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