Rio

  – O mercado de capitais encolheu. Nos últimos sete anos, 163 empresas tiveram seu registro cancelado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) – umas por incorporação a outras empresas e outras, por cancelamento de registro de companhia aberta.

Na contramão desse movimento, surgem empresas que, como Dom Quixotes do mercado, lutam contra o cenário adverso, mantêm uma visão positiva da economia e apostam no crescimento através da bolsa. Em sete anos, 105 optaram pela abertura de capital.

A cada ano, o número diminui. Em 1996, 16 foram registradas em bolsa. Em 2002, foram apenas 8 – destas, apenas uma, a CCR Rodovias, lançou ações. Mas o que faz uma empresa acreditar no mercado em meio à crise cambial, à troca de governo e à economia aparentemente travada?

De acordo com Líbano Barroso, diretor de Relações com o Investidor da CCR, o mercado é o meio mais barato que existe para se captar recursos.

– A CCR sempre teve uma filosofia de mercado, buscando transparência na gestão. Apenas esperamos o melhor momento para lançar ações. Acreditamos que a bolsa, apesar de ter encolhido, vai virar o jogo e dar retorno a longo prazo. Se isso é ser um Dom Quixote, no sentido de apostar no mercado, então somos, sim, idealistas – diz Barroso.

O melhor momento, para a CCR, foi o lançamento do Novo Mercado da Bovespa, do qual fazem parte empresas com práticas de boa governança e respeito ao minoritário.

– Queremos ser vistos como uma empresa que preza pelos acionistas. Isso só traz vantagens para a CCR e agrega valor às suas ações – avalia. Ao lado de recém-chegadas ao mercado, como a CCR, convivem empresas como a Companhia Suzano, que sempre acreditaram no mercado. A Suzano papel e celulose do grupo é velha conhecida dos investidores e, em março deste ano, a Suzano Petroquímica também abriu capital.

De acordo com Bernardo Szpigel, diretor financeiro e de relações com o investidor da companhia, para a Suzano, o mercado sempre foi uma maneira de buscar mais transparência na gestão.

– É uma peça fundamental para nosso crescimento e aprimoramento – diz.

Maria Helena Santana, superintendente de relações com empresas da Bovespa, diz que o crescimento da bolsa depende da entrada de novas empresas no mercado.

– A bolsa ficaria mais forte, ajudando no desenvolvimento da economia. Esse círculo virtuoso pode voltar a fazer o mercado brasileiro crescer. É nisso que apostamos.

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