O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho, defendeu nesta quinta-feira, 18, que o Brasil está ampliando sua oferta de energia elétrica muito acima do crescimento do mercado e ressaltou que particularmente neste ano o aumento da demanda por energia será quase nulo no País, como consequência ao desaquecimento da economia.

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“No ano de 2015 (o mercado de energia elétrica) excepcionalmente deverá ter um crescimento muito baixo em função da questão econômica. Mas isso é conjuntural, e logo o Brasil voltará a crescer, não só sua economia, mas também seu mercado”, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, na capital gaúcha, após participar do Seminário Crise Energética e Desenvolvimento.

Na sua apresentação, ele destacou que em 2015, enquanto o mercado consumidor energético apresentará um crescimento “próximo de zero”, a capacidade instalada de geração de energia terá aumento de 5%. Além disso, segundo ele, está previsto que entrem em operação 10,5 GW em 2016 e 7,6 GW em 2017, por meio de usinas que hoje estão em fase final de construção. “É claro que há certa incerteza, por que a condição hidrológica pode piorar, as obras podem atrasar, e a economia pode melhorar. Mas hoje a percepção é de que o suprimento de energia está assegurado”, revelou.

Na mesma linha de outros interlocutores do MME, Ventura Filho disse que, com a oferta de energia em nível confortável, é chegado o momento de baratear o custo elevado da geração. “Precisamos olhar com muito cuidado o momento adequado, sem comprometer a segurança energética, de reduzir esta geração por meio das térmicas, particularmente daquelas que têm o maior custo, que são as derivadas de petróleo. Temos uma esperança e uma expectativa que este momento não está longe”, afirmou na conversa com o Broadcast.

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O secretário também manifestou que, embora a expansão da capacidade instalada do Sistema Integrado Nacional e o crescimento menor do mercado garantam o atendimento de ponta (em períodos de demanda máxima) com uma “segurança energética muito significativa”, o MME entende que é necessário colocar em operação outras unidades de ponta, como forma de “complementação”.

Nesse sentido, ele ressaltou a importância do leilão de térmicas a gás natural de partida rápida previsto para ocorrer no dia 3 de julho. O objetivo é que as novas unidades entrem em funcionamento antes do próximo verão, justamente para reforçar o sistema no período em que ele é mais exigido.

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Apesar de reconhecer que a data pretendida para o início das operações representa um desafio para os interessados no leilão, Ventura Filho diz que uma possível falta de projetos não é motivo de preocupação. “Existem equipamentos térmicos já fabricados, disponíveis no exterior e no Brasil, que poderão ser instalados rapidamente, por isso acreditamos que é viável”, disse. “De fato o prazo é reduzido, mas é um prazo que o ministério entende como necessário para atender às demandas máximas que ocorrem no verão. São desafios colocados para todos, inclusive para os fabricantes e investidores, e temos expectativa de que algum resultado nós vamos obter com este leilão.”

Médio prazo

Segundo ele, outra estratégia – esta mais voltada ao médio prazo – envolve uma ‘repotencialização’ de algumas hidrelétricas, que receberiam mais unidades geradoras. “Temos várias usinas que estão em operação, construídas há algum tempo, e que têm locais na chamada ‘casa de força’ onde podemos inserir mais unidades geradoras. Essas máquinas adicionais não produziriam mais energia, mas elas poderiam dar reserva de capacidade instalada e contribuir eventualmente no atendimento de ponta”, avaliou.

Entre as usinas que poderiam passar pela repotencialização ele cita Três Marias, em Minas Gerais, e Xingó (Alagoas e Sergipe), ambas na bacia hidrográfica do Rio São Francisco.