Mercado acha que BC não vai mudar a taxa de juros

Não há unanimidade no mercado financeiro em relação à decisão que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciará na reunião de hoje sobre a Selic – a taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente fixada em 18,5% ao ano. Enquanto alguns analistas e economistas acreditam em queda de 0,25 ponto percentual, outros apostam na manutenção. A tendência mais provável, no entanto, é de permanência da taxa com indicação de viés de baixa.

“Não se descarta a possibilidade de queda de 0,25, mas o mais provável é o viés de baixa”, afirma o gerente comercial da corretora Spirit, Marco Antônio Lacombe. “Olhando pelo lado econômico, o corte não seria necessário neste momento de especulação em relação ao Brasil. Mas pelo lado político e psicológico, poderia ajudar a campanha do Serra e mostrar que o governo age independente dos problemas que os grandes bancos externos apontam”, considera.

Para Geórgia Ricciardella Sarraff, gerente de renda fixa da corretora Omar Camargo, a taxa deve permanecer nos 18,5% devido a um conjunto de fatores. “Uma nova redução poderia alimentar alta do dólar e conseqüentemente provocar aumento da inflação, levando o governo a descumprir as metas estabelecidas”, ressalta. Outro motivo para a continuidade da Selic, segundo ela, seria a inflação ainda muito alta, apesar da tendência de queda.

“Outro fator que pode pesar para manter a taxa é que o dólar já subiu mais de 5% nesse mês e pode subir mais caso o desempenho da economia não melhore e o Lula continue crescendo nas pesquisas”, assinala Geórgia. No cenário externo, as oscilações do preço do petróleo bruscas devido aos conflitos no Oriente Médio também poderiam influenciar a decisão.

Redução

O presidente do Corecon/PR (Conselho Regional de Economia do Paraná), José Moraes Neto, acha que o governo deve reduzir a taxa de juros porque a economia do País está entrando em processo de recessão. “As taxas de crescimento são nulas, baixas ou negativas, dependendo do setor. Como a inflação está muito próxima de zero, conforme alguns indicadores semanais, não tem sentido a manutenção de uma política de juros elevada”, avalia.

Para Moraes Neto, não se pode associar as eleições à queda do Brasil perante organismos financeiros internacionais. “Está se dando muito peso para o processo eleitoral, mas é apenas um fator de especulação de grupos que têm poder para ganhar dinheiro”, opina. “Qualquer candidato que ganhar a presidência, inclusive o candidato do governo, terá que fazer mudanças na política econômica do País”, frisa.

Antônio Cheren, diretor da corretora C&D, concorda que há espaço para corte na Selic. “Acho que deve ter uma pequena baixa de 0,25. É bem factível e tem espaço para isso, apesar do repique da inflação ter assustado”, observa. Segundo ele, a redução seria importante porque o BC sinalizaria tendência de baixa. “O que vai pesar bastante é que a atividade econômica está muito lenta. O corte seria uma forma de estimular a economia”, acentua. Cheren não acredita que o processo eleitoral interfira na decisão do Copom. “O BC tem se pautado por questões estritamente técnicas, não incluindo os problemas políticos em suas decisões.”

Mais cedo

Ao contrário das últimas reuniões do Copom, que começam às 16h30 e terminam no início da noite, o encontro de hoje terá início às 9h30 e o resultado deverá sair no começo da tarde, durante o pregão da Bolsa de Valores. A reunião foi antecipada em virtude de viagem do presidente do BC, Armínio Fraga.

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