Mercadante convidado a conversar com Fraga

Brasília

(AG) – Depois de ter colhido frutos positivos da viagem aos Estados Unidos, sobretudo declarações de autoridades do governo americano favoráveis à situação econômica do Brasil, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, iniciou uma nova ofensiva: buscará um diálogo pacífico com partidos de oposição para aplacar a onda de turbulências no mercado. O primeiro gesto de Fraga foi um telefonema, de Washington, para o deputado federal Aloízio Mercadante (PT-SP), que auxilia o partido na elaboração do programa econômico de governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente do BC convidou o petista para uma conversa, convite que foi prontamente aceito. A data do encontro ainda não foi agendada.

– Ele me ligou ontem (anteontem), dizendo que gostaria de conversar comigo. Armínio fez uma série de contatos internacionais e faz muito tempo que a gente não conversa. Conversaremos, sem problemas. Evidentemente, estou totalmente à disposição. Ele não me adiantou a pauta -disse o petista.

Bastante cauteloso, Mercadante evita expor qualquer opinião sobre a proposta já defendida pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, de acordo de transição com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que seria negociado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com o aval de todos os candidatos à Presidência.

– Eu não sei de proposta nenhuma. Ninguém me apresentou uma proposta, e nem ao PT. Não sei o que o Armínio deseja conversar, mas atenderei ao convite porque acho que é de interesse do país, que atravessa um momento de crise. O país está muito vulnerável e nós (o PT) temos interesse de que a crise não se agrave – afirmou Mercadante.

O deputado disse que não se posicionaria sobre a proposta de um acordo de transição, já que o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso negou que autoridades brasileiras estariam conversando sobre isso com representantes do FMI. Já o ministro da Fazenda admitiu que o tema foi abordado com o Fundo.

Mercadante citou como um exemplo das idas e vindas do atual governo o fato de Armínio Fraga ter declarado que o Brasil precisaria de aproximadamente 30 meses para reduzir o risco-país. Diante da reação negativa do mercado e dos candidatos de oposição, Fraga divulgou uma nota explicando que a redução do risco-país poderia ser alcançada antes desse prazo.

– O compromisso do PT de mudar a política econômica e de manter a estabilidade já foi dito, inclusive em carta. Se tiver fato novo, vamos analisar -disse Mercadante, que conversou com Armínio Fraga pelo telefone celular enquanto fazia campanha para o Senado na periferia de São Paulo.

Voltar ao topo