A menor atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sinalizada pela nova equipe econômica deve impulsionar as emissões das companhias brasileiras no mercado de capitais e a renda fixa em 2015, avalia o diretor-presidente da central depositária de títulos privados Cetip, Gilson Finkelsztain.

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“Estou bastante otimista com esse lado da renda fixa crédito privado. Uma diminuição da atuação do BNDES vai fazer com que essas empresas acessem outras fontes de captação”, disse o executivo, mencionado potenciais impactos positivos no volume de emissões de títulos como debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI).

Na análise de Finkelsztain o novo aporte de R$ 30 bilhões do Tesouro Nacional no BNDES, anunciado nessa quarta-feira, 3, não contradiz o discurso de equilíbrio fiscal feito pelo futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na semana passada porque já estava previsto.

“Estava na agenda para cobrir o orçamento do banco este ano. Ainda haverá aportes, mas a tendência é de diminuição do volume”, diz ele, que “gostou muito” da escolha da nova equipe econômica. O futuro ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, atuava como conselheiro da Cetip. “É uma equipe muito séria e comprometida a fazer um ajuste fiscal crível e capaz de fazer o País voltar a crescer.”

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A expectativa do CEO da Cetip é que a renda fixa no mínimo acompanhe o patamar de crescimento do crédito, estimado por ele entre 7% e 10% no ano. No financiamento de veículos, ele enxerga um ano ligeiramente melhor diante de medidas recentes para combater a inadimplência, apesar do menor crescimento do consumo das famílias.

O cenário traçado é otimista, apesar de Finkelsztain admitir que a alta dos juros atua de certa forma como um inibidor de investimentos na renda fixa. Ontem o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto porcentual, para 11,75%.

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A Cetip tende a ter um incremento em seu faturamento em função da entrada em vigor de novas regras de custódia como a Circular 3.709 do Banco Central, que reduz de R$ 50 mil para R$ 5 mil o valor mínimo para registro de ativos de renda fixa. A regra passa a valer no primeiro trimestre de 2015 e deve elevar em oito vezes o registro de operações pela central depositária.

“A contrapartida do volume aumentar é que o nosso preço vai cair. Ainda assim é muito positivo”, disse, após a Conferência de Educação Financeira e Comportamento do Investidor, no Rio.