Mel com atestado de qualidade

O município de Ortigueira, na região central do Paraná, tenta voltar a ocupar uma posição de destaque entre os maiores produtores de mel no País. A estratégia é caracterizar o mel produzido no local, dando um “atestado de qualidade” ao produto, a partir de um projeto em parceria com o Sebrae-PR, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que deve se desenrolar pelos próximos dois anos.

Se o trabalho conseguir mostrar a especificidade do mel de Ortigueira, pode agregar valor ao produto. “Hoje temos características que nos remetem que o mel seja exclusivo daquela localidade”, aponta o consultor do Sebrae-PR que atua no projeto, Fabrício Pires Bianchi. Um dos objetivos do projeto de identificação do mel é verificar a viabilidade futura de se pleitear ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) um atestado da indicação de procedência do mel produzido no município de Ortigueira.

O gerente da regional norte do Sebrae-PR, Heverson Feliciano, lembra que a adição de valor ocorre por meio da diferenciação de um produto ou processo. “O processo de identificação é necessário para que se parta para outras possibilidades como a indicação de procedência, por exemplo. Experiências como essa de identificação de alimentos têm gerado mais valorização para os produtos, abertura de novos mercados e melhoria do preço de venda”, afirma.

De 2004 a 2007, Ortigueira foi o maior produtor individual de mel no Brasil. No ano seguinte, a cidade não estava nem entre os 20 maiores produtores, de acordo com estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Bianchi, diminuiu o número de produtores no setor. “Pessoas que estavam antes na apicultura acabaram se desligando, buscando outras atividades e, em função disso, diminuiu a produção”, conta.

Hoje, são cerca de 175 apicultores na cidade, sendo que 45 fazem parte da Associação de Produtores de Mel de Ortigueira (Apomel), responsáveis por 6,5% de toda a produção paranaense do produto, que em 2008 (último ano em que os dados estão disponíveis até o momento) foi de 4,6 mil toneladas, 2º lugar entre os estados produtores de mel.

Além do distanciamento de vários apicultores da atividade, Bianchi cita que nos últimos anos nada se fez para melhorar as técnicas a serem aplicadas para se ganhar em qualidade e em produção. “Se não há troca genética, em uma população de abelhas com pouca diversidade surgem doenças e defeitos genéticos, o que diminui a produção e, consequentemente, a qualidade”, aponta o consultor.

Os apicultores de Ortigueira se preparam para a retirada do mel pela florada do arbusto assa-peixe, que acontece agora em julho e agosto e é um dos tipos de mel predominantes no município, assim como o mel de eucalipto. Além do mel, os apicultores investem em produtos como pólen, própolis e geléia real.

Neste ano, os apicultores prometem começar a voltar com o máximo que conseguirem na produção. “Precisamos ir a campo e ajudar o pequeno apicultor. O mel de Ortigueira é uma delícia, é o melhor, mas ainda não tem uma identidade para o produto. Já fomos primeiro lugar em produção no Brasil e queremos voltar a ocupar esse posto”, diz a presidente da Apomel, Ana Mozuski Kutz, apicultora há três décadas.

O mel de Ortigueira é exportado para a União Europeia e para os Estados Unidos e a Apomel pensa em reestruturar a exportação, que hoje é feita por meio de entrepostos e diminui o lucro do produtor. “Nossa produção vai quase toda para fora do País, porque o brasileiro não põe o mel na mesa”, lamenta Ana.

Campanha incentiva o consumo

Para incentivar o consumo do mel no Brasil, a Confederação Brasileira de Apicultores (CBA) criou uma campanha, Meu dia pede mel. Enquanto em países como Alemanha, Noruega e Dinamarca o consumo médio anual Mde mel Mé 1,5 quilo por pessoa, no Brasil é de apenas 128 gramas.

Segundo o presidente da CBA, José Gomercindo Cunha, a proposta é, inserir o produto na rede hoteleira e nas cadeias alimentícia e de cosmético. “O mel pode ser usado em várias cadeias produtivas, ao contrário do tempo das nossas avós, quando era usado como medicamento”, compara.

E, para a comercialização no exterior, os apicultores estão tentando prospectar novos mercados como Dubai, França, Rússia e China. “Este programa permitirá que o mel brasileiro deixe ser apenas uma commodity e se transforme em produto acabado, com agregação de valor. Nossa proposta é exportar mel orgânico, com indicação geográfica e denominação de origem. Ou seja, o mel já processado e em potes pequenos e não em tambores de 300 quilos, como é feito atualmente”, diz Cunha.Mais informações sobre a campanha de incentivo ao consumo do mel em www.meudiapedemel.com.br. (LC)

Encontro de apicultores

Acontece no dia 1.º de julho, a partir das 8h, no CTG Rincão da Amizade de Prudentópolis o 10.º Encontro de Apicultores do Município de Prudentópolis.
O objetivo do evento é fortalecer a diversificação da pequena propriedade rural, gerando renda através da apicultura, apresentando formas de organização do grupo de apicultores, como o associativismo e cooperativismo, bem como enfatizar sobre o mercado e as exigências para a comercialização dos produtos apícolas.
Mais informações pelo e-mail: natanael.kohut@gmail.com.

Programação

8h – Recepção aos apicultores com café da manhã e credenciamento dos participantes; – 9h – Abertura do evento; – 9h15 -Homenagem ao apicultor Rafael Latyki; – 9h30 – Apresentação “Projetos: Associativismo Apícola no Município de Prudentópolis Fase II e Inovação Tecnológica na Apicultura”, ministrada pelos integrantes dos projetos; -10h – Palestra sobre “Boas Práticas de Manejo na Apicultura, ministrada pela professora Gabriela Schimitz Gomes, professora da Unicentro; – 12h -Almoço (no local do evento);

O evento sem sequência à tarde com a programação: 13h30 – Oficina “Produção da Própolis”, ministrada por Joel de Almeida Schimidt, instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do Paraná (Senar-PR); – 15h – Palestra sobre “Plantas Melíferas”, ministrada pela professora Gabriela Schimitz Gomes, professora da Unicentro. 16h30 -Encerramento.

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