O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, comentou hoje, durante seminário sobre sistema de metas de inflação, no Rio, as críticas de que o Brasil teria “os maiores juros do mundo”. Segundo ele, esta era uma avaliação que refletia “um discurso fácil” de que a trajetória do dólar ante a moeda brasileira seria sempre cadente. Os críticos, disse Meirelles, não avaliaram a sério o alerta de que diversas causas influenciavam a taxa de câmbio, como a aversão ao risco internacional, o fluxo de capitais, os preços das commodities e, no médio prazo, a evolução da conta corrente.
Ao fazer nesta manhã um grande retrospecto sobre os resultados alcançados durante os 11 anos do regime de metas de inflação no Brasil, Meirelles defendeu a prática de uma política macroeconômica comprometida com a estabilidade, que permitiu, em sua avaliação, ações eficazes por parte da autoridade monetária nesse período.
O presidente do BC comentou ainda o desempenho do País durante a crise financeira global, cujo período mais agudo foi iniciado em setembro de 2008. “As previsões para 2010 continuam crescentes, depois de enfrentarmos os efeitos da crise em 2009. O Brasil foi o último país a entrar na crise e um dos primeiros a sair”, repetiu. Ele observou ainda a qualidade dos instrumentos usados pelo País para minorar os impactos negativos da crise na economia brasileira, como a utilização de reservas “para substituir o sistema financeiro internacional” e os empréstimos em dólar para bancos e empresas brasileiras honrarem suas obrigações no exterior e suas necessidade à frente. Meirelles terminou seu discurso de abertura no evento dizendo que a crise permitiu que se testasse a capacidade de reação do BC em momentos de turbulência.