Meirelles não crê em inflexões na economia

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que em viagens feitas ao exterior, onde se reuniu com investidores e autoridades, tem afirmado que “não há muito espaço no Brasil para grandes inflexões em política econômica no futuro”. De acordo com Meirelles, há três tipos de informações relativas a riscos à economia brasileira nos próximos anos que investidores e agências de avaliação de risco (rating) estão interessados em conhecer. Um deles são indicadores econômicos, entre os quais nível de inflação, patamar de déficit em transações correntes e a proporção da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Um outro fator importante é a capacidade de crescimento do País, que atingiu a média anual de 2,1% de 1999 a 2002 e hoje se encontra num nível ao redor de 5%. Um terceiro elemento é a possibilidade de serem mantidas as políticas macroeconômicas que deram certo nos próximos anos. Tais chances de preservação das diretrizes centrais na condução da economia são elevadas dado que o Brasil vem registrando ano após ano melhorias das condições sociais e redução das desigualdades de renda.

Em entrevista coletiva em evento sobre o Risco País, em São Paulo, Meirelles afirmou pela manhã, antes de fazer esses comentários, que 25,9 milhões de pessoas ingressaram na classe média de 2003 a 2008, enquanto 19,4 milhões de pessoas deixaram de pertencer à classe baixa. Ele também destacou que a política de estabilidade de combate à inflação conjugada com o câmbio flutuante e boa gestão das contas públicas permitiram ao País gerar 8,9 milhões de empregos desde janeiro de 2003. Além disso, geraram condições para que o Brasil fosse uma das nações menos afetadas pelos efeitos da crise internacional.

Um indicador relativo a esse fenômeno destacado pelo presidente do BC é que os impactos negativos da queda da oferta de crédito levaram à redução de 800 mil postos de trabalho. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, de janeiro a outubro foram abertos 1.163.607 empregos formais no País.

“E aí eu mostro os dados sociais da manutenção da estabilidade e isto é da maior importância. A estabilização é um valor brasileiro porque beneficiou a população”, afirmou. Meirelles ressaltou que há anos vem falando de indicadores relativos à melhoria dos fatores sociais no Brasil conquistados com a estabilização da economia. Segundo ele, desde junho, de 23 palestras realizadas por ele, em 16 delas destacou questões relacionadas à redução da desigualdade de renda e em 13 delas, vinculadas a indicadores sociais no geral.