Banco Central

Meirelles diz que está na hora de empresas voltarem a investir

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, conclamou os empresários presentes na reunião do Conselho de Desenvolvimento Economia e Social (CDES) que voltem a investir para garantir a sustentabilidade do crescimento. “Acho que está na hora de investir. O Brasil tem condições de crescer e está crescendo de forma sustentada. É importante que se mantenha a capacidade de crescer à frente”, disse. “É importante que os empresários voltem a investir rapidamente. Não esperem a evidência para voltar a investir.”

O presidente do BC elogiou a política econômica de enfrentamento da crise e ressaltou que a “sequência de ações” foi importante para que ela fosse bem-sucedida. Ele explicou que essa sequência de ações se refere à primeira fase, que foi a atuação emergencial do BC para restaurar a normalidade, preservando a liquidez e o crédito, seguida pelas ações de políticas monetária (redução dos juros) e fiscal com intuito anticíclico.

Ele exemplificou o impacto dessa sequência de ações com o caso do setor automotivo. Segundo Meirelles, em outubro do ano passado, no auge da crise, se o cidadão fosse a uma concessionária de veículos, ele não conseguia tomar empréstimo para compra de carro. Mas com a normalização do sistema financeiro, fruto da ação do BC, o crédito foi restaurado e com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis, na sequência, conseguiu-se estimular o desempenho do setor.

Meirelles também destacou que o setor financeiro capitalizado no Brasil, que hoje é exemplo para o mundo, foi decisivo para que o País emergisse da crise. Ele afirmou que o Comitê da Basileia está adotando ideia proposta pelo Brasil de que os bancos aumentem o índice de provisionamento para que possam usar durante as crises. “O Brasil já tem um colchão de 100% do capital mínimo exigido”.

Balanço

Meirelles fez um balanço de todas as ações do BC no mercado cambial durante o último ano, período que coincide com o agravamento da crise financeira internacional. Ele informou que no auge da turbulência, o BC vendeu US$ 14,5 bilhões no mercado cambial à vista. Porém, com a melhora da situação, a estratégia foi alterada e o BC passou a comprar dólares no mercado. Desde 8 de maio deste ano, quando essa ação foi retomada, já foram retirados US$ 11,5 bilhões do mercado de câmbio à vista. Há, portanto, um saldo líquido restante de aproximadamente US$ 3 bilhões.

Meirelles também informou que o BC repassou ao mercado US$ 24,5 bilhões durante a crise, para o financiamento das exportações, em operações conhecidas como leilão de linha. Desse montante, US$ 21,1 bilhões já foram resgatados pela autoridade monetária. Há, portanto, um saldo em torno de US$ 3,3 bilhões no mercado.

Por fim, Meirelles também informou que as intervenções do BC no mercado cambial futuro somaram US$ 33 bilhões, durante os meses de maior turbulência. Parte desses contratos já venceu e houve o resgate pelo BC de US$ 11 bilhões nesses contratos de derivativos. O saldo restante, nesse caso, é de US$ 22 bilhões.