O pedido de prisão do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, solicitado pela procuradoria-geral do Estado do Paraná ao Supremo Tribunal Federal (STF), é parte da disputa política entre o PT e o PSDB. A avaliação, feita nesta quinta-feira, 3, é do ministro Marco Aurélio de Mello, relator da ação cautelar que tramita na Suprema Corte sobre uma liberação de R$ 2,3 bilhões do Tesouro para o Paraná e que serviu de mote para o pedido de prisão de Augustin. “O que está ocorrendo é uma quebra de braço político entre oposição e situação”, afirmou o ministro ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ressaltando que “isso ressoa mal”.

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Marco Aurélio, que viajará em férias hoje (o STF está em recesso até 31 de julho), disse que já determinou a liberação dos R$ 2,3 bilhões, incluindo repasse do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal (Proinveste) de R$ 817 milhões ao Paraná. A liberação, segundo o ministro, foi alvo de uma conversa dele como o titular da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, que teria assegurado que o montante seria autorizado ao governo paranaense. O Estado é governado pelo tucano Beto Richa.

Em comunicado distribuído nesta quarta-feira pela assessoria de imprensa do ministério da Fazenda, a Secretaria do Tesouro Nacional informou que a operação de crédito Proinveste do Governo do Paraná já foi autorizada e o contrato de garantia da União assinado no dia 13 de maio de 2014. Sobre os demais empréstimos, o Tesouro afirma que eles seguem os seus trâmites normais. A liberação do dinheiro do Proinveste é feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A procuradoria do Paraná alega que o recurso não foi liberado até o momento. O ministro explicou que é o trâmite que pode ser tomado em relação ao caso envolvendo Augustin durante o recesso do Supremo. Segundo Marco Aurélio, a Secretaria Judiciária do STF pode emitir um ofício solicitando a apreciação da liminar da Procuradoria do Paraná, em caráter de urgência. Nessa situação, o processo ficaria com o ministro plantonista do Supremo durante o recesso e ele poderia decretar a prisão de Augustin. O nome do ministro plantonista, entretanto, ainda não foi definido pelo STF. É usual que o presidente e o vice-presidente da Corte ocupem essa função, alternadamente, durante as férias do Judiciário.

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Marco Aurélio evita polemizar sobre o tema, ou seja, não antecipa se decretaria ordem de prisão ao secretário do Tesouro, mas afirma que é necessário “tornar prevalecente” a determinação de liberação do dinheiro do Proinveste para o Paraná. “O que tem de tornar prevalecente é o que foi acertado, que é o cumprimento da obrigação da União”, opina.