Mantega: superávit comercial será menor este ano

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o superávit da balança comercial brasileira este ano será menor que os cerca de US$ 25 bilhões registrados em 2009. Ele lembrou que antes da crise financeira internacional, o Brasil já teve superávit de US$ 40 bilhões. Em audiência na CPI da Dívida Pública da Câmara, Mantega disse que o governo Lula não adotou o dogma de que é preciso crescer com a poupança externa. “Prefiro crescer com a poupança interna”, afirmou.

Segundo ele, o déficit em transações correntes é passageiro. “Temos gerado poupança interna e não devemos depender da poupança externa. Mas, provisoriamente não tem problema, porque esse déficit não está sendo coberto com capital especulativo”, afirmou. O ministro disse que têm entrado no País muitos investimentos externos. Ele lembrou que o governo já tributou o capital especulativo para evitar excessos na Bolsa de Valores e na renda fixa. “Agora, investimento externo é bem-vindo, é de longo prazo e é bom para o País”, afirmou.

O ministro lembrou que o prêmio de risco do País está baixando e que as reservas estão elevadas e , mesmo tendo custo, elas são um fator de estabilidade para a economia brasileira. “Ela se torna respeitável”, afirmou. O ministro lembrou que o Brasil já está emprestando dinheiro das reservas para o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mantega disse que o Brasil entrou num círculo virtuoso, que poderá ser prolongado por muitos anos.

Exportar commodities

Mantega contestou a afirmação de deputados de que o Brasil se transformará em um País apenas agroexportador. Segundo o ministro, é preciso acabar com “o raciocínio do passado”, porque atualmente exportar commodities (matérias-primas) é lucrativo.

Ele disse que o recente aumento no preço do minério de ferro, um produto de pouco valor agregado, se refletirá positivamente em aumento das exportações e da balança comercial brasileira. Afirmou que o País não pode é exportar apenas commodities. “Não podemos nos descuidar da parte industrial.”

O ministro disse que a crise financeira internacional “contraiu” os mercados e, por isso, houve uma redução das exportações brasileiras de manufaturados. “Mas isso é passageiro. Temos uma indústria competitiva. Exportamos aviões, automóveis e produtos com tecnologia”, observou.

Mantega disse que o governo tem estimulado a produção com valor agregado: “É uma questão prioritária dentro do governo. Quando a crise se reduzir lá fora, voltaremos a ampliar nossas exportações.” O ministro acrescentou que o Brasil reduziu seu superávit comercial porque está crescendo mais do que outros países e, com isso, continua importando, mas não tem mercado para exportar. “Isso vai mudar quando houver a reconstrução do mercado internacional. Vamos voltar a ter saldos comerciais maiores e exportações de manufaturados maiores.”

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