Mantega defende redução dos juros mundiais

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu nesta sexta-feira (14) a redução das taxas de juros no mundo todo, inclusive no Brasil. Segundo ele, há consenso entre os países do G20 financeiro que a redução do custo financeiro é fundamental para impulsionar a economia e, assim, neutralizar os efeitos da crise financeira global. Segundo Mantega, o risco hoje não é apenas de recessão, mas de depressão econômica.

Mantega preferiu, no entanto, não fazer previsões. “Cada país tem o ritmo e tem as suas necessidades. Uma coisa é certa, você tem que baixar o custo financeiro em todos os países porque ele subiu muito recentemente. Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, no Reino Unidos e na União Européia, o custo financeiro tem que cair, senão não haverá retomada da atividade econômica”, sentenciou.

O ministro defendeu o aumento dos investimentos públicos como estratégia de combate aos efeitos da crise na economia real, repetindo o consenso dos ministros de economia do G20. Mas frisou que políticas fiscal e monetária devem estar sintonizadas e coordenadas em nível global.

“Se um país fizer isoladamente, ele pode não ter sucesso e vazar recursos para outros países”, ponderou. “Se fazemos uma política monetária agressiva liberando liquidez, crédito em reais e em dólares, por exemplo, os outros países vão se aproveitar e absorver estes dólares e estes reais sem dar nada em troca”, explicou.

Ele destacou que a expansão fiscal deve ser feita na medida das possibilidades de cada país. Na reunião de ministros e presidentes de bancos centrais do G20 financeiro, no final de semana passado, em São Paulo, os presidentes de Bancos Centrais manifestaram preocupação com a possibilidade do aumento dos gastos públicos representar disparada da inflação.

Porém de acordo com Mantega, a inflação não é mais problema e que há espaço para uma política fiscal “mais flexível”.

“Cada país vai precisar fazer uma política fiscal de acordo com as suas necessidades e suas possibilidade. No caso brasileiro, não há risco de recessão. Estamos dispostos a fazer política fiscal”, assegurou, citando a medida provisória publicada hoje no Diário Oficial, de postergação de pagamento de tributos para empresários.

“Isso é só uma amostra do que poderemos fazer se for necessário no Brasil”, disse Mantega, frisando que outros países, como os europeus, precisarão de políticas fiscais mais consistentes devido à desaceleração.

Na última segunda-feira (10), questionado sobre um eventual pacote para estímulo da economia no Brasil nos moldes do anunciado esta semana pela China, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, descartou medidas do gênero e garantiu que a estratégia brasileira já está em andamento, e é, segundo ele, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).