Mantega defende fundo para proteger América do Sul

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu hoje a criação de um fundo para proteger a América do Sul dos efeitos da crise internacional. Segundo ele, os ministros dos países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que se reúnem nesta sexta-feira, pretendem reforçar o Fundo Latino-Americano de Reservas (FLAR) para compensar os países que têm desequilíbrios financeiros. “Vamos conversar com os colegas sobre o ingresso de novos países ao FLAR, como o Brasil e a Argentina, para que aumente o poder de fogo do FLAR e possa proteger os países com recursos nossos, das nossas reservas”, afirmou Mantega, ao desembarcar em Buenos Aires, onde será instalado o Conselho de Economia e Finanças da Unasul. O FLAR é composto por Bolívia, Colômbia, Peru, Costa Rica, Equador, Uruguai e Venezuela.

A iniciativa já havia sido antecipada à Agência Estado por técnicos do ministério de Economia da Argentina, mas Mantega que ir além do FLAR. “Também temos que pensar em uma coisa maior que o FLAR para de fato ter uma proteção financeira nos valores de pagamento dos países, algo como fizeram os asiáticos, onde todos os países fazem swap de moedas entre eles e dão aporte necessário”, opinou Mantega.

“Podemos adotar o FLAR, que já existe, ou partir para algo mais ambicioso, mas acho que devemos começar pelo o que já existe, porque é mais rápido”, disse ele. Técnicos do governo argentino disseram hoje que o FLAR poderia chegar a US$ 20 bilhões, mas Mantega considerou a cifra muito elevada. “Pelas regras hoje, é impossível colocar US$ 20 bilhões porque existem cotas dos países que chegam ao limite máximo de US$ 500 mil por país”, analisou. A proposta dos países menores, segundo apurou a AE, é de que o Brasil e a Argentina aportem maiores volumes. O FLAR possui entre US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões, segundo estimativas de Mantega.

“Chegar a US$ 20 bilhões será difícil”, destacou.

Mantega mostrou-se mais propenso à criação de um fundo de maiores proporções, mas nos moldes do asiático. “O mecanismo dos asiáticos é mais forte, superior a US$ 200 bilhões, mas ele foi constituído em 2010, depois da crise. Acho que nós não precisamos destas quantias, porque lá eles têm a China, Japão, Coreia. Acho que aqui, nossas necessidades são menores porque o conjunto de países também é menor. Então, precisamos olhar para as necessidades locais”, detalhou.

“Devemos criar um fundo mais robusto (…) não é fácil criar um mecanismo financeiro, mas amanhã deveremos definir o protocolo de intenções para criar o mecanismo ou fortalecer o FLAR”, comentou , deixando claro que o assunto ainda está sendo negociado. A diferença entre os dois mecanismos, conforme explicou Mantega, é que o latino funciona mais a partir de swaps de moeda, enquanto o latino é mais uma instituição que libera recursos de acordo com as condições estabelecidas.

Mantega disse que os ministros vão discutir sobre os dois modelos, “sem descartar que podemos fortalecer o que já existe e depois caminhar para um mecanismo mais robusto”. Em sua avaliação, apesar de todos os países possuir cotas no Fundo Monetário Internacional, “o que é uma proteção para os países, precisamos ter um fundo regional porque a crise mostra que, de repente, podem surgir nuvens no céu azul e precisamos mais defesa. Então, é o momento de acelerarmos a criação de maiores defesas”.

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