Mais rentabilidade para as exportações

A rentabilidade das exportações brasileiras – que chegaram ao fundo do poço em fevereiro passado – podem voltar ao nível de janeiro de 2005, com a nova faixa de câmbio. A estimativa é da Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior (Funcex). Para a entidade, o câmbio, que chegou a R$ 2,05 no início do mês, ganhou um novo piso, de R$ 2,20, com as turbulências internacionais. Apesar disso, as projeções de exportações para o ano estão mantidas.

O economista da Funcex, Fernando Ribeiro, estima que a rentabilidade dos exportadores pode aumentar em torno de 10%, comparado ao nível de abril, caso o câmbio se mantenha numa faixa entre R$ 2,20 a R$ 2,30 durante junho. Para maio, os efeitos ainda serão reduzidos, porque o cálculo de rentabilidade da fundação leva em conta a variação média de uma cesta de moedas no mês e as mudanças no mercado financeiro ocorreram apenas esta semana.

Ribeiro explica que, antes, a tendência era que o piso para o câmbio estivesse perto de R$ 2,00. ?Acho que agora fique em R$ 2,20. Tudo vai depender dos indicadores americanos, conforme forem saindo?, analisa Ribeiro. Ele avalia, contudo, que o cenário atual é de incerteza cambial e especulação de curto prazo. ?Este câmbio dá um alento, pequeno, eu diria, na maioria dos casos. Mas é um ganho nada desprezível, algo que não se joga fora?, comenta.

O diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, reconhece que o dólar mais caro traz algum ganho, mas não significativo. ?Seria leviano se dissesse que não melhora. Agora, evidentemente é fruto de movimentos internacionais e tem de ver como vai se comportar. As empresas vão ter um pouco menos de prejuízo, mas não terão lucro?, diz o executivo.

Pimentel critica que o câmbio tem sido ?totalmente irreal, porque é uma cotação balizada pela maior taxa de juros reais do mundo?, que vira um atrativo para a entrada de capital especulativo no País. O câmbio valorizado dos últimos meses acabou evidenciando, ainda, deficiências como de infra-estrutura, diz ele. Pimentel afirma que o comércio internacional do setor movimenta US$ 450 bilhões e o Brasil tem apenas 0,5% de fatia deste potencial.

O economista da Funcex explica que a variação do dólar já está beneficiando quem fechou contratos de câmbio esta semana. Ao contrário, os exportadores que fizeram antecipação de receita cambial, transformando em reais para ganhar nas aplicações com juros, não aproveitaram a desvalorização desta semana. Ele lembra que a menor rentabilidade mensal das exportações brasileiras nos últimos 10 anos ocorreu em fevereiro passado.

Para Ribeiro, a desvalorização atual trará um ganho adicional, mas não vai gerar mudança significativa nos números das exportações para o ano. Isso porque o efeito do ganho cambial nas vendas físicas não é imediato. Entre a contratação de novas exportações, que poderiam ser motivadas pela nova taxa, e a exportação efetiva, leva pelo menos seis meses, segundo o especialista.

Assim, algum incremento adicional de vendas apareceria apenas nos resultados da balança a partir de janeiro do ano que vem. ?Uma desvalorização pequena não vai mudar muito o cenário em favor do exportador?, diz Ribeiro.

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