Negócios

Mais duas empresas paranaenses são vendidas

Seguindo uma tendência verificada nos últimos anos, mais duas empresas paranaenses acabam de ser vendidas para grupos ou investidores de outros estados.

Uma delas símbolo do Paraná, a Café Damasco, com sede em Curitiba, acaba de ser adquirida pela Sara Lee Corp em uma negociação da ordem de US$ 60 milhões.

A cifra e a aquisição foram confirmados ontem, pela empresa norte-americana que já está presente no Brasil desde 2000 e já adquiriu sete marcas de café, dentre elas: Café Pilão, Café do Ponto e Caboclo.

Já o empresário paulista Mário Luft adquiriu a Viação Garcia, com sede em Londrina, no norte do Paraná, por uma centena de milhões (valor ainda não confirmado – aproximadamente R$ 400 milhões). A negociação inclui as Viações Ouro Branco e Princesa do Ivaí, além de 37 garagens.

No caso da Café Damasco, segundo a assessoria da Sara Lee no Brasil, por enquanto, não houve nenhum indício de que a mudança vai ter reflexos sobre o atual quadro de funcionários ou sobre a qualidade do produto que foi concebido com base no paladar e no modo de consumir café do povo paranaense.

Ainda sobre eventuais alterações na estrutura da Café Damasco, a assessoria lembrou que a exemplo das demais aquisições, a Sara Lee preservou as marcas, realizando apenas mudanças nas embalagens e no marketing, mas sempre com o objetivo de dar continuidade ao processo de “sinergia do negócio”.

Segundo a Sara Lee Corp, a negociação com a Café Damasco será concluída ainda hoje. Depois será registrada junto aos órgãos de defesa da concorrência para revisão e aprovação.

O valor de US$ 60 milhões (R$ 100 milhões) equivale ao faturamento líquido anual da Café Damasco em 2009. “A aquisição da Café Damasco criará uma posição mais firme para a Sara Lee no território brasileiro, dada a forte posição de mercado da Damasco. Iremos nos beneficiar de fortes vendas e de sua rede de distribuição no Sul do País. A operação também vai gerar sinergias de fabricação nas nossas instalações na região de São Paulo, bem como uma melhor posição competitiva no Nordeste, graças à sua excelente unidade fabril nessa área”, avaliou o diretor executivo da Sara Lee Internacional, Frank van Oers.

“Com nossas marcas Pilão e Caboclo já temos uma posição de liderança em São Paulo e Rio de Janeiro, que representam cerca de metade do mercado total de café no Brasil”.

Vale destacar que a Café Damasco é lider de mercado no Paraná, com as marcas Negresco e Bom Taí, além da própria marca Damasco.

Produção

O Brasil é, atualmente, o maior produtor e exportador de café do mundo. Em outubro deste ano, o país exportou 3,11 milhões de sacas de 60 quilos, uma alta de 21% na comparação anual, segundo informações do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Além disso, o país é o segundo maior consumidor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

Negócio será protocolado

Outra transação envolvendo um empresa paranaense, desta vez a londrinense Viação Garcia, e algumas centenas de milhões foi confirmada ontem pelo empresário paulista Mário Luft, presidente da operadora logística Grupo Luft, que atua em diversos segmentos, do agronegócio à saúde.

Como o negócio envolve uma concessão pública, ele será protocolado nesta semana, a fim de passar pela anuência da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER).

Mesmo sem previsão de data para uma resposta dos órgãos reguladores, a Viação Garcia já contará com um novo comando amanhã. “Podem ser 48 horas, como também podem ser 48 dias para recebermos a autorização do negócio, porém, por meio de uma procuração vou assumir a gestão da empresa no dia 1.º de dezembro, aliás, já tenho 22 reuni&oti,lde;es marcadas na viação”, revela Luft.

Sobre os projetos para a Viação Garcia e as viações Ouro Branco, Princesa do Ivaí e mais 35 garagens da operadora Buss, que também foram arrematadas na transação, o empresário diz que irá administrar o negócio respeitando os anseios das famílias que fundaram e administraram a empresa por mais de 76 anos.

“As negociações consumiram mais de 90 dias, dos quais as últimas duas semanas foram em contato direto com os mais de dez sócios controladores que têm um laço muito forte com esse patrimônio. Procuro sempre alinhar a minha forma de trabalho com as expectativas das famílias que cedem o espaço”, antecipa Luft.

Segundo ele, a venda da Viação Garcia não foi motivada por problemas financeiros. O empresário também afirma que os 2.590 funcionários podem se tranqüilizarem quanto a permanência dos respectivos empregos.

“Não pretendo mudar o quadro atual, mas já tenho planos de contratar reforços, pois quero expandir a companhia”. Ele também descarta uma eventual mudança na marca. “A única alteração fica por conta de um novo logotipo”, explica.