Foto: Arquivo/O Estado

Cláudia Salles Vianna: processos têm alto custo.

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Um relatório com os resultados da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego -MTE, no período entre janeiro e junho deste ano, aponta que 86,92% dos estabelecimentos fiscalizados estão irregulares. Entre as mais de 170 mil empresas fiscalizadas, cerca de 29 mil foram autuadas por irregularidades trabalhistas, totalizando mais de R$ 3 milhões em indenizações. Os casos irregulares mais recorrentes nas empresas, constatados pela fiscalização do MTE, são a falta de registro de empregados e débitos em relação aos depósitos de FGTS devidos.

Os processos com reclamatórias trabalhistas são de alto custo para as empresas e acarretam prejuízos institucionais e financeiros, diz a consultora jurídica Cláudia Salles Vilela Vianna. As multas nos casos de irregularidades trabalhistas variam entre R$ 170,25 por empregador – no caso de uma empresa primária e R$ 115.683,40 – por não contratar pessoas portadoras de deficiência, como prevê a lei. ?Este número poderia ser bem menor se as empresas agissem de forma preventiva e criteriosa?, alerta a consultora.

Ela explica que um ex-empregado, quando procura um advogado para reclamar contra a antiga empresa, muitas vezes é motivado por questões pessoais, geralmente com seu superior imediato. ?A partir dali, ele e o advogado irão buscar outros itens que irão engrossar o rol das reclamações como horas-extras, desvios de função, descontos indevidos ou pagamentos equivocados. Se a empresa não estiver com a documentação e seus procedimentos internos devidamente regulares, terá dificuldades na defesa e acabará por pagar um preço elevado por isso?, alerta Cláudia.

De acordo com Luiz Fernando Busnardo, chefe da Seção de Inspeção da Delegacia Regional do Trabalho do Paraná DRT/PR, as pequenas empresas são as que mais cometem infrações trabalhistas. ?Muitas acreditam que é mais barato se manter na irregularidade e acabam incorrendo em grandes despesas caso queiram reabilitar-se perante os órgãos competentes, pois sujeitam-se a ações trabalhistas e execuções judiciais, ficando ainda privadas das certidões negativas, para a baixa da empresa ou mesmo para efetivação da transição de seu controle ou patrimônio?, explica.  

Reação

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Segundo dados do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, em 2005 as varas do trabalho do Estado receberam mais de 100 mil reclamatórias trabalhistas. As razões disso, segundo a advogada Flávia Guaraldi Irion, especialista em direito previdenciário e trabalhista, são as mais diversas, ?as relações de trabalho são mais dinâmicas que a legislação trabalhista, que está defasada e engessa as empresas. As pessoas estão buscando cada vez mais seus direitos e as empresas continuam com a postura de agirem somente quando acionadas?, aponta.

A advogada defende que é necessário e urgente fazer uma reforma trabalhista, mas que as empresas devem se preocupar em reduzir as reclamatórias. ?Acreditamos que um trabalho preventivo efetivo seja extremamente importante e um primeiro passo pode ser uma auditoria interna que aponte as não-conformidades e que possibilite sua correção?, finaliza a advogada.  

Selo de regularidade

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O aumento das reclamatórias trabalhistas e a dificuldade das empresas em seguir as exigências legais levou a empresa de auditoria trabalhista Vilela Vianna, em Curitiba, a criar um Selo de Regularidade Trabalhista para seus clientes. ?As empresas auditadas recebem um treinamento específico e auxílio nas correções necessárias. Depois disso, são certificadas quanto à Regularidade Trabalhista? explica Anderson Vianna, sócio da empresa.

Após a verificação dos itens que comprovam a legalidade em sua atuação, a auditoria fornece um selo que vai creditá-la como empresa em conformidade com as questões trabalhistas. ?Nosso objetivo é trabalhar junto às empresas com uma efetiva atuação preventiva, minimizando as reclamatórias e as autuações fiscais, além do forte valor institucional conferido pelo selo?, finaliza Anderson.