Salvação

Maior oferta de milho pela Conab pode reduzir crise na suinocultura

Aumento da disponibilidade de milho pela Conab com preços inferiores ao mercado é uma das propostas dos representantes da cadeia produtiva da suinocultura paranaense como forma de enfrentar a crise que afeta o setor há algum tempo. Conforme diagnóstico apresentado pelos produtores nesta quinta-feira (19), em reunião com o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, há excesso de oferta de carne no mercado e os preços dos insumos (proteínas milho e soja) estão em elevação, caracterizando um quadro de custos de produção em alta e preços da matéria-prima em baixa.

Os produtores propõem ainda a adesão a campanhas para incentivar o aumento no consumo da carne suína e seus derivados, discutir uma alternativa tributária com a Secretaria da Fazenda para dar mais competitividade às indústrias paranaenses que vendem carne suína e derivados para outros Estados e criar um grupo de trabalho permanente para monitorar, discutir e propor alternativas para a suinocultura paranaense, como forma de evitar novas crises.

O secretário Ortigara lembrou que a margem de ação do governo do Estado é pequena, mas ele tem a consciência de que é necessário agir e estabelecer estratégias no curto prazo. “Vamos agir ou de forma tributária, ou no aumento dos suprimentos para reforçar os estoques públicos de milho aos suinocultores”, afirmou.

O superintendente da Conab no Paraná, Luiz Vissoci, anunciou a remoção de mais 40 mil toneladas de milho para o Paraná. Ele disse que já encaminhou esse pedido para Brasília para reforçar as vendas em balcão nas regiões Oeste, Sudoeste e Noroeste do Estado, onde a demanda por milho é maior.

Nas vendas de balcão realizadas pela Conab, os produtores, vinculados às associações de classe, poderão comprar milho até o limite de 27 toneladas por mês. Os produtores vão pagar em torno de R$ 21,00 a saca nessas regiões, cujo preço praticado está em torno de R$ 25,00 a R$ 26,00 a saca, disse Vissoci.

Outra sugestão para diminuir os efeitos da crise sobre o setor produtivo é melhorar a tecnologia de desenvolvimento de produtos da carne suína e derivados. O desenvolvimento de novos produtos facilita a absorção da produção pelo mercado, assim como ocorre com a avicultura, disse o representante da Conab, Eugenio Stefanello.

Produção

O Paraná é o terceiro maior produtor de suínos, com um rebanho de 5,096 milhões de cabeças. Os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná contribuem com cerca de 70% do volume de produção de carne suína brasileira. Todo o setor vem sofrendo com a queda nos preços desde o embargo da Rússia, que vetou a entrada de carne suína brasileira. Recentemente a Argentina adotou o mesmo procedimento, agravando a situação. Com a queda nas exportações, está sobrando mais carne suína no mercado interno, cujo consumo não é suficiente para absorver a produção.

Os preços que já tiveram uma queda vigorosa no ano passado, em torno de 14%, em junho de 2011 em relação ao mesmo período do ano anterior, permanecem em baixa. Segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, em maio deste ano o suíno vivo estava cotado a R$ 1,84 o quilo, enquanto o custo de produção já estava em R$ 2,39 o quilo, que corresponde a aumento de 5% sobre o custo de produção de maio de 2011. A tendência para os meses de junho e julho é de aumento nos custos, sinaliza o Deral.

O drama maior está sendo enfrentado pelos produtores independentes de suínos. O Paraná tem aproximadamente 33 mil produtores, sendo que desses entre oito mil e nove mil produtores são independentes, ou seja não são integrados às indústrias como os demais. Os produtores independentes têm mais dificuldades de enfrentar o quadro de preços dos insumos em alta e queda nos preços da matéria-prima, lamentou o presidente da Associação Paranaense de Suinocultura (APS), Carlos Francisco Geesdorf.

Segundo ele, a crise na suinocultura foi agravada pela elevação nos preços do milho e da soja, grãos que constituem os principais insumos do setor. Segundo o Deral, só o farelo de soja, utilizado para fabricação da ração animal aumentou 59% em junho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Outro fator que afeta a cadeia produtiva da suinocultura são as regras tributárias de outros Estados que dificultam a entrada de carne produzida pela indústria paranaense, apontou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. Ele sugeriu à Secretaria da Fazenda um estudo para evitar a perda de mercado pelas empresas paranaenses.

Da parte do varejo, o representante da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Valmor Rovaris, disse que o setor é muito competitivo em todo o Estado e já trabalha com margens mínimas de comercialização. São mais de 2.500 empresas com cerca de 3.000 lojas que não têm muito como aumentar as margens de comercialização, disse Rovaris.

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