O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, afirmou nesta segunda-feira, 27, que em maio houve interrupção das quedas mensais do crédito que vinham ocorrendo desde o início do ano. Após quatro recuos seguidos, algo inédito nos dados do BC, o saldo do crédito registrou alta de 0,1% em maio na margem.

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O ritmo fraco do crédito, para Maciel, tem relação direta com o nível baixo da atividade econômica, associado às incertezas do ambiente político e as elevadas taxas de juros. Segundo ele, o baixo nível de confiança dos agentes também influencia o quadro. “Na margem, os indicadores de confiança mostram alguma recuperação e isso é bom sinal, mas é um movimento incipiente”, ponderou.

Pessoa jurídica

Tulio Maciel salientou que, desde maio de 2009, no ápice da crise financeira internacional, não era observado um recuo mensal do estoque de crédito com recursos livres para Pessoa Jurídica, como visto em maio. No mês passado, a baixa foi de 0,1% na margem. “Isso ilustra a fragilidade em que se encontra esse mercado para as empresas”, afirmou o técnico.

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De acordo com Maciel, houve uma desaceleração generalizada dos financiamentos no mês passado, mesmo quando se abre os números em livre e direcionado e também entre Pessoa Física e Jurídica. Como exemplo, ele citou que o estoque da dívida geral acumulado em 12 meses até maio está em 2% no crédito total e que esse porcentual estava em 6,7% no encerramento do ano passado. No caso do crédito direcionado, que cresceu 10% em 2015, agora se vê uma alta de 4,4% no acumulado de 12 meses até o mês passado.

Empréstimos para capital de giro

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Como reflexo da crise que atinge as empresas, o Maciel afirmou que a queda no volume de empréstimos para capital de giro vem se aprofundando. Nos 12 meses encerrados em maio, o recuo chega a 8,9%. O crédito para capital de giro corresponde aproximadamente à metade de tudo que é emprestado às empresas.

No caso dos financiamentos do BNDES para pessoas jurídicas, Maciel explicou que a estabilidade registrada em maio foi motivada pela desvalorização cambial. “Se não fosse essa desvalorização de 4,2% no câmbio em maio, a queda teria sido de 0,4%. A tendência de redução na carteira do BNDES permanece”, destacou.

O técnico do BC ressaltou ainda que o crédito direcionado mantém tendência de desaceleração. Depois de uma alta de 9,8% em 2015, a elevação em 12 meses encerrados em maio está em 4,4%. “Esse quadro de desaceleração ocorre em ambiente de elevação das taxas de juros e dos spreads”, disse.

Cartão de crédito

O chefe do Departamento Econômico do BC apresentou um viés positivo para o mercado de crédito ao detalhar os números do cartão de crédito à vista, aquela modalidade em que o gasto é feito em um mês e o pagamento feito integralmente no momento seguinte. De acordo com o BC, o estoque de empréstimo desse segmento está em 5,5% no acumulado de 12 meses até maio.

“O gasto com cartão de crédito em maio foi boa sinalização e tem impacto do Dia das Mães”, comentou o técnico. No mês, o saldo está negativo em 6,7% e, no mês, há alta de 3,3% na margem. “Esta é uma indicação favorável. Em termos reais, significa ainda um recuo, mas bem menor do que o mostrado pela PMC (Pesquisa Mensal do Comércio). É um bom sinal nesse sentido”, reforçou.

Alta de juros

Maciel avaliou que as altas das taxas de juros de maio e acumuladas no ano subiram “quase que exclusivamente” por causa do aumento dos spreads. Segundo ele, o ambiente de incertezas que preponderou nos primeiros meses deste ano influenciou esses indicadores e as taxas subiram mais nas linhas de maior risco, como cheque especial e cartão de crédito, que estão com recordes de altas e que ajudam a puxar a média dos juros para cima. “A alta promovida pelos bancos é consistente com crescimento da inadimplência e com o ambiente de incertezas, sobretudo em consideração ao tomador de maior risco”, resumiu.

A inadimplência, de acordo com Maciel, tem subindo de forma lenta, mas consistente. Em dezembro de 2014, por exemplo, estava em 5,3% e, em maio passado, em 6,3%. “Se considerarmos o contexto econômico de 2015 e a perspectiva para 2016, eu diria que estão bem comportadas (as taxas de inadimplência). Essas taxas já foram bem mais elevadas”, comparou.