O candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu que a equipe econômica do governo Fernando Henrique Cardoso seja levada para dentro de uma fábrica para perceber que há outro jeito de o Brasil crescer sem ficar pensando em recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, Lula disse que acha ?lamentável? que o governo admita pedir ajuda ao FMI se a turbulência financeira permanecer por mais algumas semanas.
Questionado sobre o que faria para atacar a crise neste momento, Lula lembrou que vem criticando a condução da política econômica há muito tempo e acusou o governo de estar colocando os brasileiros ?numa encalacrada?. Para Lula, nas condições atuais, o governo poderia ter mandado uma minirreforma tributária para o Congresso para desonerar a produção e as exportações.
O candidato voltou a citar a expressão ?exportar ou morrer?, do presidente Fernando Henrique Cardoso, para reclamar do que seria uma incoerência do governo, o aumento das taxas de crédito do BNDES para operações de vendas ao exterior de 9,5% para 10%. Mesmo que demonstre confiança na vitória nas eleições, Lula quer ter diante de si um leque amplo de possíveis alianças, caso se classifique para o segundo turno. ?Nós vamos trabalhar com carinho para não brigar com (José) Serra, (Anthony) Garotinho e Ciro (Gomes), falando bem de nós em vez de falar dos outros?, reiterou, após lembrar que, em tese, o PPS seria um parceiro natural, como nas eleições anteriores. ?Mas na prática nós não sabemos como o Ciro vai se comportar se ele não for para o segundo turno?, disse.
Lula disse ainda desconhecer uma mensagem que Fernando Henrique Cardoso teria enviado a ele, por um emissário petista, na qual o presidente teria prometido apoio ao PT no segundo turno se Serra não estar mais na disputa. ?Esse emissário não conversou comigo ainda, mas quem sabe ele esteja por conversar?, brincou.