Em discurso no 1.º Encontro Nacional de Agricultura Familiar, no pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o governo prepara um pacote para incentivar as pessoas a ficarem no campo, que ele chamou de “pacote da cidadania”, voltado principalmente para os jovens. Segundo Lula, os jovens só ficarão no campo quando o governo oferecer acesso a educação, saúde e energia elétrica.

“A juventude só vai ficar no campo se tiver educação, saúde e energia. Não será no discurso que vamos convencer a juventude a ficar no campo.”

Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, que também participou do encontro, o pacote está sendo articulado com outros ministérios, como Saúde e Educação, mas ainda não há prazo para o lançamento. Basicamente, a idéia é criar escolas e postos de saúde e levar luz para o campo, como nos assentamentos.

Lula destacou a importância da agricultura familiar, afirmando que ela é responsável por 50% da soja produzida no país e pela maior parte do leite produzido. Disse ainda que o governo está analisando o motivo de as mulheres e agricultores jovens não estarem utilizando o microcrédito liberado pelo governo. Segundo ele, é preciso divulgar melhor esses programas de crédito e explicar às pessoas a importância deles para incentivar a produção.

“Precisamos aprender a tratar vocês com respeito – afirmou.”

Tempo

Lula afirmou, também, que quem governa depende de dois fatores para executar seu programa de governo: tempo e recursos. Lula elogiou a atuação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura Familiar (Fetraf), presente em 22 estados brasileiros.

Segundo o presidente, seu governo destinou R$ 7 bilhões para a safra 2004/2005 da agricultura familiar, o que significa 30% a mais do que os recursos disponíveis na safra passada. A agricultura familiar é responsável pela produção de 40% dos alimentos consumidos no país.

Rádio

Em seu programa semanal no rádio, Lula disse que ter recebido “com otimismo, mas também cautela”, a notícia do crescimento recorde da produção industrial brasileira, que em maio chegou a 2,2%, a maior desde setembro de 2003. Lula ressaltou que o seu governo busca o “crescimento sustentável”, que não seja apenas uma fase.

Lula acrescentou que os empresários já começaram a contratar mais trabalhadores com carteira assinada, numa demonstração de confiança na condução da economia. Mas admitiu que as vagas criadas – 291,8 mil empregos formais em maio – estão abaixo do esperado.

“Num primeiro momento, a empresa prefere contratar hora extra, até que ela tenha certeza de que o crescimento é para valer, que é de longo prazo. O emprego formal está crescendo não tanto quanto queríamos, mas é o maior desde 1992”, disse Lula.

Como tem feito sempre que fala de economia, o presidente ressaltou que o Brasil entrou no caminho da expansão sustentável:

“O crescimento que estamos vivendo agora, ele vem acontecendo desde setembro do ano passado. Estamos crescendo mês a mês, um pouquinho a cada mês, mas de forma sustentável”, concluiu.

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