Lula credita à agricultura salto competitivo do Brasil

Ribeirão Preto – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem de manhã, em seu discurso na Agrishow, em Ribeirão Preto, que graças ao salto de qualidade e competitividade da agricultura brasileira, o País tem força para brigar em igual condição por mais espaço no mercado internacional. “O Brasil tem potencial para não dever nada a ninguém em termos de competitividade no campo. Não temos que temer a disputa de preço em qualquer mercado do mundo.”

Segundo Lula, a estratégia que seu governo adotou é a de fortalecer o bloco de países emergentes para brigar com as nações mais desenvolvidas. Ele citou as viagens feitas à África, ao Oriente Médio e a todos os países da América Latina. “Depois da viagem a sete países árabes, a relação que temos com eles cresceu muito. A que cresceu menos cresceu 50% em relação a 2003”. “Agora no dia 22 de maio vamos à China com uma delegação de empresários e ministros. Temos certeza que vamos fazer bons e grandes acordos”, disse.

De acordo com Lula, esses países vêem o Brasil como parceiro estratégico na briga com o Primeiro Mundo. Ele citou a recente vitória do País na Organização Mundial de Comércio (OMC) a respeito dos subsídios dados pelos Estados Unidos aos produtores de algodão. “Quando tivermos força eles vão nos procurar para discutir subsídios. Não vamos mais ter que implorar”, disse Lula a respeito da parceria brasileira com outros países emergentes.

O presidente disse esperar que até o final do ano o Mercosul feche um acordo com a União Européia (UE) para consolidar o bloco, o que vai facilitar as negociações para a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Logística

Durante seu discurso na Agrishow, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também disse que seu governo está empenhado em melhorar a logística para melhorar a produção agrícola. “O Brasil não estava preparado para esse aumento de produção”. Segundo ele, além dos já anunciados recursos para a recuperação das estradas federais, o governo busca o apoio do Senado para a rápida aprovação do projeto das Parcerias Público-Privadas (PPP).

Além de concluir a construção da ferrovia Norte-Sul para facilitar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste pelo porto de Itaqui (MA), Lula também citou que o governo trabalha por um acordo com os países vizinhos para concretizar a esperada ligação com o Oceano Pacífico.

Biodiesel

Segundo ele, a parte brasileira, a ligação Santos-Corumbá, está orçada em apenas R$ 80 milhões, o que também pode ser feita pelas PPP. Lula também lembrou que governo trabalha para a implementação do programa do biodiesel no Nordeste, na região do semi-árido.

“Se o presidente da Rússia, recém-eleito, assinar o Protocolo de Kyoto se abrirá um mercado excepcional para o Brasil”, disse. Para dar uma dimensão da adesão de novos países ao protocolo (que prevê a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera), ele citou o Japão. Se o governo japonês adicionar 10% de álcool à gasolina, compraria metade de toda a produção brasileira do produto.

Na Agrishow, Lula assistiu a uma demonstração de uma colheitadeira e disse que a feira de tecnologia é a síntese do que o governo espera que aconteça em todo o País.

Lula não fez qualquer comentários sobre o novo salário mínimo anunciado pelo governo federal anteontem – de R$ 260 – e sobre a correção da tabela do Imposto de Renda. A expectativa é que ele comente hoje, quando participará das comemorações do Dia do Trabalho em São Bernardo do Campo (ABC paulista).

Favores

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que também foi a Ribeirão Preto, afirmou que o Brasil tem condições de equilibrar as suas contas sem ter de recorrer à ajuda internacional para se financiar.

“A política industrial do presidente Lula prevê a possibilidade de expandir os ganhos de estabilidade para que o Brasil ganhe competitividade e não tenha de pedir favor lá fora para equilibrar suas contas”, disse o ministro durante visita à 11.ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow 2004), em Ribeirão Preto (SP).

“O resultado da balança comercial, das exportações, garante ao Brasil que ele se financie com a força da sua produção, do seu trabalho, da sua competitividade”, afirmou.

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