Centavos da discórdia

Livre concorrência de combustíveis dá diferença de valor

Pesquisar para fazer o dinheiro render mais. Uma das regras de ouro não é usada de maneira tão simples no mercado de combustíveis. A livre concorrência é praticada, tanto que a diferença de preços entre os postos está na faixa de R$ 0,40 para a gasolina comum e R$ 0,50 no etanol. O problema que o consumidor que encontra a melhor oferta, nem sempre tem a certeza de estar economizando, já que fraudes envolvendo adulteração do combustível ou maquiagem na quantidade do volume abastecido fazem parte da rotina do setor.

Craque na arte de controlar o orçamento, a dona de casa Nara Costa parece ter encontrado a receita, ou melhor, o caderninho do sucesso para pagar menos sem ser lesada. Desde o dia que adquiriu o carro, 26 de dezembro de 2005, passou a anotar religiosamente a data de cada abastecimento, valor pago, rendimento e posto usado. “O importante é saber o quanto a gente gasta. Faço isso com compras de supermercado também. Só que no caso do combustível, anoto o local para que se der problema no meu carro, eu saiba qual posto não é confiável”, conta Nara. Ela diz que não roda a cidade toda em busca do local mais barato, concentra sua tomada de preço na região do Água Verde e Batel, por onde circula.

Anotações

Apesar de não ser a região onde configuram os menores preços do levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Nara consegue pagar cerca de R$ 0,10 a menos do que o valor médio praticado nos postos. “Minhas amigas questionam como consigo viajar tanto e digo que o segredo é saber gastar e, principalmente, ter isso anotado para o verdadeiro controle. No caso do combustível, poupo com segurança sobre o que estou levando”, ensina.

Cuidado com o “milagre”

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindicombustíveis), Roberto Fregonese, confirma que a pesquisa de preços nos postos precisa ser acompanhada de cautela. “Hoje a margem bruta confortável para trabalhar com combustível está na casa de R$ 0,30. O menor preço obtido na distribuidora é de R$ 2,30, ou seja, abaixo dessa soma é fazer milagre”, ironiza. O “milagre” pode estar na sonegação fiscal ou adulteração do combustível. Para proteção do consumidor, Fregonese acrescenta outros procedimentos além do caderninho: pedir a nota fiscal e exigir que o posto faça o teste de qualidade e quantidade. “É um direito pedir que o frentista faça o teste na sua frente. O problema que o motorista sempre tem muita pressa, ou seja, pede para ser fraudado.”