A indústria de cartões decidiu elevar de R$ 100 para R$ 200 o limite dos pagamentos por aproximação sem a necessidade de senha.

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Com o ajuste, a modalidade passa a englobar os valores gastos em 80% de todas as transações feitas com cartões.

O aumento foi aprovado pela diretoria da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) na última quinta-feira (17). Até então, o teto para este tipo de transação era de R$ 100 -valor que já havia sido aumentado pela entidade em julho deste ano.

Segundo o presidente da Abecs, Pedro Coutinho, a mudança vem para atender uma demanda dos consumidores que se intensificou ao longo deste ano diante das medidas de distanciamento social.

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“Além disso, vimos uma evolução no mercado importante. Antes, por exemplo, nem todos os dispositivos aceitavam o NFC [sigla em inglês para Near Field Communication], agora temos uma base de quase 100% dos devices [equipamentos]. O aumento dessa base e do incentivo têm permitido esse crescimento exponencial”, disse Coutinho à reportagem.

Os últimos dados da associação apontam que os pagamentos por aproximação movimentaram R$ 22,7 bilhões de janeiro a setembro deste ano, avanço de 478% em relação a igual período de 2019. Para 2020 a Abecs espera que a modalidade alcance cerca de R$ 40 bilhões em transações.

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O movimento por parte da associação também acontece pouco mais de um mês depois da chegada do Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central. O ticket médio da modalidade é de valores mais altos, que ficam entre R$ 300 e pouco mais de R$ 1 mil.

Coutinho afirma, no entanto, que não é uma questão de competição entre as duas modalidades.

“A experiência do usuário é muito simples com o NFC e tende a mostrar volumes cada vez maiores. Com o pagamento por aproximação não é necessário abrir aplicativo, ler QR Code ou nada do tipo. Basta aproximar, pagar e ir embora. Essa praticidade é uma demanda do consumidor”, disse.

Ainda segundo o presidente da Abecs, a associação realizou um mapeamento de segurança e fraude antes de aumentar o limite dos pagamentos por aproximação.

“É uma modalidade que continua completamente segura. Fizemos esse mapeamento e não houve nenhum problema significativo desde que o primeiro aumento, de R$ 50 para R$ 100, aconteceu em julho. Também deu tudo certo com todos os pilotos que fizemos com o novo limite de R$ 200”, afirmou.

Em nota, a Abecs afirmou que a compra por aproximação possui diversas camadas de segurança, assim como uma transação com chip, incluindo a adoção do padrão internacional EMV, especificação adotada pelo mercado e que inviabiliza o uso de dados para clonagem e demais fraudes.

Segundo a associação, cada banco será responsável por adequar seus sistemas ao novo limite. Não há, no entanto, uma data prevista para a total implementação da novidade.

O aumento dos limites nos pagamentos por aproximação é um pleito já antigo dos participantes do mercado de cartões, mas que ganhou força com a chegada da pandemia do coronavírus e das medidas voltadas para impedir a contaminação pelo contato.

Além do comércio em geral, a associação afirmou que a modalidade vem sendo implantada em outros segmentos, como nas catracas do transporte público e em praças de pedágio.