O governo vai rebater a posição dos negociadores da União Européia, que encaminharam, na sexta-feira carta aos chanceleres dos países membros do Mercosul, propondo dividir as negociações de abertura de mercado. O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, vai responder amanhã à carta dos comissários de Comércio, Pascal Lamy, e das Relações Exteriores da União Européia, Chris Patten.
No sábado, de Paris, Lafer telefonou para Lamy, informando que responderá também por escrito a proposta da União Européia. No entanto, durante uma conversa de 40 minutos, adiantou as linhas gerais do que vai defender em sua carta. O ministro também comunicou aos chanceleres do Paraguai, Uruguai e Argentina a posição brasileira e enviará cópia da carta aos colegas.
O Brasil não concorda com a divisão das negociações. Lafer informou, por meio do seu porta-voz, Pedro Luiz Rodrigues, que para o Mercosul não é possível separar as negociações sobre as regras de acesso de mercado das negociações para definição de tarifas. ? Para o Brasil, as negociações devem andar concomitantemente?, disse o porta-voz à Agência Estado.
A União Européia quer a definição das regras primeiro para depois liberalizar o mercado. Os comissários europeus também condicionam a fixação de regras para o Mercosul à negociação de acesso ao mercado europeu. Lafer deixou claro a Lamy durante a conversa por telefone que, no entendimento do Brasil, o aprofundamento do Mercosul não pode ser pré-requisito para a liberação comercial entre os dois blocos. ?A idéia da cooperação é útil, mas não deve interferir nas negocições comerciais?, defende o ministro.
